quinta-feira, 19 de abril de 2012

"Ser negra e mulher é muito difícil no Brasil’

Questões de Gênero

Ivone Ferreira Caetano é o nome de uma mulher que admiro. Aos 68 anos, casada há 42, ela é a Juíza da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca do Rio de Janeiro. Uma figura polêmica – lutadora e inovadora.
São delas alguns exemplos de decisões que irritam parte retrógada da sociedade e alguns juristas acomodados. Como repórter de CartaCapital, fui conversar com a juíza para discutir os assuntos que a tornam constantemente centro de polêmicas judiciais.
Segunda ela, um dos problemas que vem encontrando é o do reconhecimento a crianças, principalmente africanas no Rio. Quando ela toma conhecimento de algum deles – a perambular pelas ruas do centro da cidade – dá documentos especiais, sejam bebês, crianças ou adolescentes. Essas crianças africanas não aparecem em estatísticas brasileiras por entrarem no Brasil ilegalmente, fugindo de suas terras natais. Ela diz como resolve: reconhece as crianças oficialmente como estrangeiras a viver no Brasil e elas passam a ter direitos como saúde, educação e proteção da sociedade, tudo com base na Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente. É quando esses garotos – que chegam, na maioria dos casos, sem responsáveis, em navios principalmente – passam a existir como seres humanos no Brasil.
ivone-caetano
Pelos mesmos motivos, que também irritam alguns setores, a magistrada manda tirar das ruas crianças que usam tóxicos e as interna em abrigos para tratamento.
Quando defendem que ela não pode decidir sobre o direito de ir e vir, ela lembra: o direito à vida desses jovens é superior a tudo.
E assume sua responsabilidade: "Algum pai que pode pagar internação e tratamento a seu filho o deixaria abandonado ao tóxico?" Na falta de responsáveis, o Estado tem essa responsabilidade e as crianças são encaminhadas para instituições que cuidam de viciados.
Ela também já mandou adolescentes grávidas e viciadas para tratamento obrigatório, garantindo a perfeita formação da criança.
Na área de adoção, Ivone Caetano também provoca celeumas. Lembra que, quando uma criança está para ser adotada, a Justiça faz perícia para saber se o interessado tem condições financeiras, psicológicas para criar um filho sadio. Então, a pessoa, tendo 16 anos mais que a criança, se é casada, solteira ou homossexual, não interessa para a juíza. Importante é que o adulto esteja apto a dar boa criação ao adotado.
Por essa linha vanguardista de pensamento, e com experiência de vida de quem passou profissionalmente por subúrbios do Rio e dá conferências no exterior, Ivone Caetano sempre tem dificuldades. Em vez de ter sentenças recorridas, ela já recebeu 19 representações – termo jurídico para um ato de repreender ou punir o juiz – "todas indeferidas e arquivadas", lembra ela.
Ser negra e mulher é difícil no Brasil
Antes de se formar em Direito, Ivone Ferreira Caetano trabalhou no IBGE, na Secretaria de Finanças da Prefeitura e no Banco Boa Vista. Depois de formada, tentou – por nove vezes consecutivas – passar em concurso público ligado a sua profissão. Como o cargo pretendido era o mesmo, um dia ouviu de um dos examinadores, quando estava na terceira fase do teste: "menina, para de tentar entrar aqui: você é mulher e negra. E eles não gostam disso aqui".
Desde que ouviu essa afirmação – sentida, mas nunca verbalizada – Ivone Caetano entendeu que precisaria ter sempre sua autoestima elevada e enfrentar, sem medo, sua vida, como mulher e negra, numa profissão elitista. Passou assim por todas as esferas do Judiciário até chegar ao cargo que ocupa hoje.
Sorrindo, com ar doce de quem cuida de crianças – e velhos – ela diz que sempre teve dificuldade em tudo que fez. Com cabelos curtinhos, olhar profundo de quem sabe o que está dizendo, desabafa, sem revolta: "ser negra e mulher é muito difícil no Brasil. Tudo é muito sutil e quem não tem traços do Daomé não sabe o que isso representa", diz ela, brincando e mostrando seu nariz que tem formato típico da região africana de onde vieram inúmeros escravos para o Rio de Janeiro. Com humor, ela reforça: "E nem eu sei meus ascendentes são de lá".
Terminada nossa conversa, encontrei um amigo que temos em comum, Marcelo Ferreira, diretor da Associação Comercial e Empresarial da Cidade Nova. Comentei com ele que tinha falado com a juíza sobre suas ações.
Joguei minhas desconfianças para Ferreira: essa figura respeitada por importante parte da sociedade e rejeitada em parte do Poder Judiciário, chegará a galgar o cargo de desembargadora, como já é de justiça e direito? Sendo progressista, mulher e negra? Ou tudo continua como aconteceu nos concursos de 40 anos atrás?
Estava lançada minha dúvida. Ferreira, com seus olhos claros, olhou fundo nos meus, sorriu silenciosamente, também com ar interrogativo e conclusivo.
Com esta curiosidade na alma, lanço minha esperança de o Rio ter, a curto prazo, a primeira desembargadora negra no Tribunal de Justiça, neste país hoje dirigido por uma mulher e tem outras mulheres em postos-chave da República.




quarta-feira, 18 de abril de 2012

A nova etapa da competição bancária.

Finanças

Como era previsto, os bancos privados acabaram seguindo os caminhos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, de redução das taxas de empréstimo.
A razão é simples: estava começando uma revoada de clientes para os dois bancos públicos, valendo-se da portabilidade – o direito de um correntista de transferir sua operação de crédito para um banco concorrente.
A crise de 2008 já havia permitido um notável crescimento dos bancos públicos, ocupando o espaço aberto pelos privados, quando pisaram no freio. Aparentemente, não quiserem repetir o erro.
Nas duas oportunidades – 2008 e agora – observam-se os mesmos repetidos erros de análise de comentaristas ideológicos.
Em 2008 diziam que haveria um festival de inadimplência nos bancos públicos. O terrorismo provocou uma queda inicial nas ações do BB, depois de destituída uma diretoria pouco propensa a ampliar as operações. Nos meses seguintes, houve crescimento expressivo dos seus ativos, obrigando a banca privada a correr atrás do prejuízo.


O mesmo ocorreu agora, com a redução expressiva, por parte do BB e da CEF, das taxas de algumas linhas de crédito.
Os mesmos comentaristas de sempre prognosticaram que a iniciativa era temerária, que não seria acompanhada por outros bancos. Erraram de novo.
É acachapante a incapacidade desse pessoal de analisar a dinâmica da economia, as mudanças de etapa. Fixam-se na defesa cega de privilégios, em uma visão estática da economia, em uma insensibilidade total sobre os mecanismos de funcionamento do mercado.
Ainda há muito a caminhar. Mas a redução de juros – pelo Banco Central -, do spread – pela competição bancária -, quando trouxer o custo final do dinheiro para níveis civilizados, provocará uma revolução no setor bancário-financeiro.
Nas últimas décadas praticamente não houve competição bancária. As escandalosas taxas de juros patrocinadas pelo BC, os lucros extraordinários, sem muito esforço, a ausência de mudanças estruturais na economia inibiram qualquer forma de competição.
Em outros tempos, o processo de industrialização, o surgimento de novas atividades, o desbravamento de regiões pioneiras, permitiram que bancos se diferenciassem pela sua atividade principal: a capacidade de financiar o desenvolvimento.
Foi assim com o Banco Francês e Italiano, antes da Segunda Guerra, com o Banco do Commercio e Indústria de São Paulo, financiando o café, com o Bradesco financiando a expansão da economia para o Paraná e os novos setores, com o Banco Moreira Salles montando suas alianças com grandes bancos internacionais, o BIB desenvolvendo o mercado de capitais.
Nos próximos anos, crescerão os bancos que conseguirem popularizar o varejo, atender à imensa legião desbancarizada e aos exército de novos empreendedores, que se seguirá à ascensão da nova classe C, a criar ferramentas de captação que compensem a queda de juros da poupança, a avançar nas novas regiões de crescimento dinâmico.
Será a maneira do setor bancário recuperar a legitimidade perdida, a ter uma função econômica relevante, garantindo seus lucros através dos ganhos de escala – não dos spreads escandalosos.

Homenagem de Edvaldo Santana ao companheiro Waldir Aguiar.



Lançamento do CD Jataí do cantor e compositor Edvaldo Santana na Choperia do Sesc Pompéia 15 de outubro de 2011 - música "Aí Joe".

terça-feira, 17 de abril de 2012

Deputado Protógens indignado "Não podemos confundir jornalistas com bandidos"


O deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) protestou, nesta terça-feira (17/04), no Plenário da Câmara dos Deputados, sua indignação com as matérias veiculadas nessa semana que tentam confundir a opinião pública. Primeiramente a revista semanal VEJA , na matéria " Eles querem apagar o mensalão", cita o deputado como ex-delegado da PF, mostrando sua irresponsabilidade de órgão de imprensa ao publicar noticias tendenciosas, pois o parlamentar é licenciado da Polícia Federal para exercer seu mandato. " Isso não é liberdade de imprensa. Não podemos confundir jornalistas com bandidos, ou ele é jornalista ou ele é bandido. Há um banditismo nessa revista semanal ", declara Protao Dadá, devido as conversas gravadas pela PF. Protógenes esclarece que quando era delegado da Policia Federal se comunicava com o sargento da Aeronáutica, Idalberto Matias de Araujo, indicado pelas Forças Armadas, pois era chefe da Inteligência da Policia Federal.

Para finalizar, Protógenes reconhece a importância da matéria publicada essa semana pela revista Carta Capital " Na mira. Quem tem medo da CPI do Cachoeira?".ógenes.

Outro veículo mencionado pelo parlamentar foi a revista ISTOÉ, onde o aponta, na reportagem " Dadá e o submundo dos grampos'', como delegado aposentado da Policia Federal. " A mídia brasileira até me deu aposentadoria " ironiza o deputado. Na mesma matéria, ele é citado como parte da rede de apoio.

O lucro dos bancos na visão do sindicato dos bancários de SP.

Em um momento em que o Brasil está para dar um passo importante para normalizar uma verdadeira aberração em sua economia, os juros ao consumidor que o sistema financeiro impõe e que podem ser considerados responsáveis, inclusive – e sobretudo –, pela falta de competitividade do país no comércio internacional, o blog entrevistou Juvandia Moreira, presidente do Sindicado dos Bancários de São Paulo. A simpática baiana de Nova Açores (BA) deixa ver algumas particularidades do sistema financeiro nacional que certamente farão o leitor sentir-se roubado e prejudicado. A situação que Juvandia descreve permaneceu piorando durante décadas a fio até que algum governante decidisse combatê-la como acaba de fazer a presidente Dilma Rousseff ao colocar bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) para liderarem uma redução do spread que não chega a ser suficiente, mas que, por certo, é o primeiro passo concreto para mudar essa situação. Foi uma conversa informal com alguém que dirige a outra ponta do sistema financeiro – a ponta da mão-de-obra –, e que, além de ter oferecido informações importantes para que os consumidores possam ajudar o governo nessa empreitada, possam se defender da voracidade da banca e da rentabilidade abusiva de que desfruta esse setor da economia.

Ouça, no Blog da Cidania, a íntegra desse bate-papo esclarecedor...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Lula grava mensagem para o Dia Mundial da Voz.

Após tratamento contra câncer, ex-presidente recupera a voz com ajuda de fonoaudiólogas.


Primeiro discurso

Em seu primeiro evento público desde o fim do tratamento contra o câncer, Lula falou durante poucos minutos neste sábado (14) e anunciou que dentro de 15 dias estará preparado para ajudar a eleger os candidatos do PT nas eleições municipais deste ano.
Lula citou especialmente o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que deve disputar a Prefeitura de São Paulo e com quem ele esteve na inauguração de um CEU (Centro Educacional Unificado) em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. As informações são da Agência Estado.
— Se eu tivesse juízo, eu não iria falar. A minha garganta não está totalmente boa, mas em 15 dias estarei apto a me dirigir aos companheiros pelo País afora, ajudando o partido a continuar crescendo e elegendo pessoas.
Durante o breve discurso, ficou nítido que o ex-presidente precisou forçar a voz para falar. Ele também fez pausas para tossir. Após a voz nitidamente ficar mais fraca e rouca, o ex-presidente decidiu parar de falar, mas prometeu que, da próxima vez, estaria melhor para falar muito mais.
Lula participou hoje de manhã da inauguração do primeiro CEU em São Bernardo do Campo. A escola foi batizada com o nome de Regina Rocco, mãe da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que também esteve presente.


domingo, 15 de abril de 2012

Coisas que gosto de ver, ouvir e compartilhar. "Baú do Casé" - YES - SOON

Essa revista VEJA não quer assinante, quer cúmplice!

sábado, 14 de abril de 2012

Veja faz fumaça também para defender agiotagem dos bancos

A revista Veja não fez cortina de fumaça só contra a CPI do Cachoeira. Fez a mesma coisa para defender os juros extorsivos dos bancos privados.

A revista começa fazendo cortina de fumaça dizendo "a estratégia dos bancos públicos é louvável" (também se entrasse de sola dizendo-se contra, desagradaria seus próprios leitores de classe média), para em seguida repetir a mesma ladainha do lobby pela agiotagem dos banqueiros privados, que foram ao Palácio do Planalto dizer que, para baixar os juros, precisam mamar nas tetas do governo.

A revista comete ato falho e confessa o lobby neste trecho onde toma as dores da FEBRABAN (Federação de bancos):
Ao criticar as demandas feitas pela Federação dos bancos (Febraban) para reduzir os juros, Guido Mantega afirmou que as instituições privadas querem jogar a responsabilidade do spread “nas costas do governo” e que elas “têm margem para reduzir taxas”. A declaração evidencia uma avaliação tacanha do problema. Os bancos inegavelmente possuem – como ocorre na maioria dos países, aliás – elevada rentabilidade, mas o alto custo final do dinheiro no Brasil está longe de se resumir a essa questão. Boa parte da explicação está nas deficiências da própria economia e sua solução depende sim do Planalto.
Só que pouco antes, a revista caiu em contradição ao dizer:
A ação do BB e da CEF, seguida pelo privado HSBC... [o HSBC também cortou juros para pessoas física]
Ora, se um banco privado estrangeiro, que atua em centenas de países, acompanhou o corte de juros, é a confirmação cristalina de que o ministro está certo, e havia margem de sobra para cortar, e aquela conversa de "deficiências da própria economia" não passa de lobby da Veja e da FEBRABAN.

Não sei como que o leitor da revista, de classe média, usuário de serviços bancários, não se dá conta que a revista o está chamando de otário, com essa argumentação tacanha.

Em outro trecho a revista faz proselitismo para desestimular clientes mudarem de banco, escondendo do leitor a existência da portabilidade de financiamentos regulamentada pelo Banco Central, e da "transferência automática de salário" para quem tem conta-pagamento:
Até então, seguras da “dor de cabeça” que é trocar de banco, as supostas concorrentes não moviam grande esforço para assediar clientes umas das outras — e tampouco sacrificavam suas margens.
Bradesco patrocina a Veja, e Itau é grande anunciante

O banco privado Bradesco patrocina o acervo digital da revista Veja, além de fazer grandes anúncios nas páginas impressas:

O Banco privado Itaú também é grande anunciante da Veja, em páginas duplas:


O Bradesco ainda patrocina na TV o "Jornal Nacional" e o Itaú o "Jornal da Globo".

Como se vê, há fortes indícios de uma ação política entre os bancos e a mídia pela manutenção dos privilégios e do projeto de poder demotucano.

É por isso que é importante pessoas progressistas engajadas em romper com os 500 anos de atrasos e golpismo contra a prosperidade do povo e da nação, devem tomar a decisão POLÍTICA de mudar suas contas dos bancos privados para os bancos públicos. Porque se continuarem sendo clientes destes bancos privados, além de enfraquecerem o controle público sobre o sistema financeiro nacional, acabam por ajudar a financiar estas revistas e telejornais golpistas.
Amigos do Presidente Lula.