Carta do presidente Lula:
Queridos artistas, estudantes, trabalhadores, meus queridos amigos reunidos nesse sábado. Eu só posso agradecer a solidariedade de vocês.
Quantas vezes, quando a sociedade calou diante de barbaridades, foram os nossos músicos, escritores, cineastas, atores, dramaturgos, dançarinos, artistas plásticos, cantores e poetas que vieram lembrar que amanhã há de ser outro dia?
Que ousaram acreditar em esperanças equilibristas e em flores vencendo canhões. Que se rebelaram contra o "Cale-se!" imposto pela censura, gritando que era proibido proibir.
Que disseram que o povo da favela só quer ser feliz e andar com tranquilidade e consciência. Que denunciaram o sofrimento de quem sai do nordeste expulso não pela seca, mas pela miséria e ganância dos coronéis.
Ou que era expulso de sua casa e vê ela ser demolida para passar "o progresso" que não inclui o trabalhador, como cantou Adoniran. Os que sempre estiveram onde o povo está, e que agora, nesta que é mais uma página infeliz da nossa história, se juntam novamente ao povo brasileiro para soltar a voz em nome da liberdade.
Onde querem silêncio, seguiremos cantando.
Vocês não sabem quantas vezes a música, os livros, a arte, tem me ajudado a atravessar essa provação, que não é maior que a de tantos pais e mães de família brasileiros que hoje não sabem como irão trazer comida para casa. É em nome deles que não podemos desanimar jamais
Porque a gente ainda vai festejar, e muito. A alegria, a liberdade e a justiça de um povo que não tem medo e que não se entrega não.
Muito obrigado pelo carinho de vocês.
Luiz Inácio Lula da Silva