quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pressão da CUT e da CTB impede votação do projeto de terceirização negociado com empresários

Os deputados não podem se trancar em uma sala e fazer acordos que prejudicam a classe trabalhadora, disse Artur Henrique

Escrito por: Marize Muniz

Intervenções do presidente da CUT, Artur Henrique, e do secretário nacional de Política Sindical da CTB, Joílson Cardoso, cujas centrais não foram consultadas sobre o texto, impediram nesta quarta-feira (19) aprovação de projeto que permite a terceirização em todas as áreas e em todo tipo de empresa, pública ou privada.
Para os dirigentes, o parecer do relator, deputado Roberto Santiago (PV-SP), com sugestões de substitutivo ao PL 4330-04, do deputado e empresário Sandro Mabel (PR-GO), amplia a precarização do trabalho no Brasil e é um retrocesso em relação à norma em vigor, que impede a terceirização nas atividades-fim.
Os dois sindicalistas passaram a manhã visitando gabinetes de líderes de bancadas pedindo que atuassem fortemente para impedir a votação do parecer. Eles explicaram aos parlamentares que: 1º) não há acordo com todas as centrais com relação à proposta, como foi dito por um parlamentar – CUT e CTB são totalmente contra; 2º) esse substitutivo é uma espécie de manual de como montar empresa terceirizada; e, 3º) em 2009, por consenso, as seis centrais sindicais entregaram ao ministro do Trabalho Carlos Lupi um anteprojeto que, entre outras coisas, proíbe a contratação de serviços terceirizados na atividade-fim da empresa tomadora de serviços e estabelece regras de responsabilidade solidária - em fevereiro de 2010, o ministro enviou o anteprojeto à Casa Civil, onde está parado até hoje.
O deputado Paulo Teixeira, líder do PT, disse que, no partido, não havia acordo com relação ao parecer do deputado do PV e avisou que a bancada petista ia pedir vistas - o pedido de vistas impede a votação do projeto na comissão por uma reunião. Ele também afirmou que vai chamar os líderes dos partidos de esquerda (PT, PSB e PC do B) para encontrar uma alternativa, ou seja, uma proposta de regulamentação da terceirização que não prejudique os trabalhadores.
Só a CUT fala em nome da CUT
À tarde, enquanto o relator lia seu relatório, o presidente da Comissão, deputado Sandro Mabel, conversou com Artur e Joilson. Queria saber por que eles estavam protestando, já que ele (Mabel) tinha informações de que todas as centrais haviam aprovado a proposta que estava sendo apresentada.
A resposta de Artur foi categórica: “Quem fala em nome da CUT é a direção executiva nacional da CUT. Não terceirizamos a representação da nossa central para ninguém”.

Leia a materia na integra.

O vocabulerolero da velha mídia.



Aqui algumas indicações sobre como ler a velha mídia. Nada do que é dito vale pelo seu valor de face. Tudo remete a um significado, cuja arte é tratar de camuflá-lo bem.

Por exemplo, quando dizem liberdade de imprensa, querem liberdade de empresa, das suas empresas, de dizerem, pelo poder da propriedade que tem, de dizer o que pensam.

A chave está em fazer passar o que pensam pelo interesse geral, pelas necessidades do país. Daí que nunca fazem o que deveriam fazer. Isto e’, dizer, por exemplo: “A família Frias acha que...” Ou: “A família Civita acha que...” e assim por diante.

A arte da manipulação reside em construções em que os sujeitos (eles) ficam ocultos. Usam formulas como: “É mister”, “Faz-se necessário”, “É fundamental”, “É’ indispensável”.

Sempre cabe a pergunta: Quem, cara pálida? Eles, os donos da empresa. Sempre tentar passar a ideia de que falam em nome do país, do Brasil, da comunidade, de todos, quando falam em nome deles. A definição mais precisa de ideologia: fazer passar interesses particulares pelos interesses gerais.

Quando dizem “fazer a lição de casa”, querem dizer, fazer duro ajuste fiscal. Quando falam de “populismo”, querem dizer governo que prioriza interesses populares. Quando falam de “demagogia”, se referem a discursos que desmascaram os interesses das elites, que tratam de ocultar.

Quando falam de “liberdade de expressão”, estão falando no direito deles, famílias proprietárias das empresas monopolistas da mídia, dizerem o que bem entendem. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresas – as deles.

No Vocabulerolero indispensável para entender o que a mídia expressa de maneira cifrada, é preciso entender que quando falam de “governo responsável”, é aquele que prioriza o combate à inflação, às custas das políticas sociais. Quando falam de “clientelismo”, se referem às politicas sociais dos governos.

Quando falam de “líder carismático”, querem desqualificar os discursos os lideres populares, que falam diretamente ao povo sobre seus interesses.

Quando falam de “terrorismo”, se referem aos que combatem ou resistem a ações norte-americanas. “Sociedades livres” são as de “livre mercado”. Democráticos sao os países ocidentais que tem eleições periódicas, separação dos três poderes, variedade de siglas de partidos e "imprensa livre", isto é, imprensa privada.

“Democrático” é o pais aliado dos EUA – berço da democracia. Totalitário é o inimigo dos EUA.

Quando dizem “Basta” ou “Cansei”, querem dizer que eles não aguentam mais medidas populares e democráticas que afetam seus interesses e os seus valores.

Entre a velha mídia e a realidade se interpõe uma grossa camada de mecanismos ideológicos, com os quais tentam passar seus interesses particulares como se fossem interesses gerais. É o melhor exemplo do que Marx chamava de ideologia: valores e concepções particulares que pretendem promover-se a interesses da totalidade. Para isso se valem de categorias enganosas, que é preciso desmistificar cotidianamente, para que possamos enxergar a realidade como ela é.

Postado por Emir Sader às 09:02

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Após 21 dias de paralização, em assembléia hoje 17/10/2011 foi decretado "O fim da Greve dos Bancários".

São Paulo - Assembleias cheias em mais uma demonstração da mobilização dos bancários. Mais de 3 mil trabalhadores participaram e decidiram aprovar as propostas da Fenaban, Caixa Federal e do Banco do Brasil.

> Fenaban: PLR e piso maiores; aviso prévio melhor que a lei
> Bancários da Caixa e do Banco do Brasil aprovam propostas específicas

O resultado – que inclui aumento real de salário pelo oitavo ano consecutivo, valorização do piso, PLR maior – foi conquistado na luta. A greve, que nesta segunda-feira completou 21 dias, chegou a contar com a participação de 42 mil bancários em São Paulo, Osasco e região e quase 9,5 mil locais de trabalho parados em todo o país.

“Todos os bancários, de bancos públicos e privados, agências, departamentos, que participaram da luta, são os protagonistas de mais essa vitória”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Parabéns a todos pela garra.”

A dirigente lembra que quando a campanha começou, a federação dos bancos afirmava que os bancários não poderiam ter aumento real novamente. Paralelamente, a imprensa difundia amplamente a tese de que esses aumentos poderiam pressionar a inflação. Fenaban e governo ameaçavam com o desconto dos dias parados.

“Derrotamos essas teses, reforçando que salário gera crescimento, desenvolvimento, e conseguimos manter o aumento real para os salários, avançar na PLR e no piso, sem desconto dos dias parados. Alcançamos importantes vitórias política e econômica. Mais uma vez, a Campanha Nacional Unificada garante avanços para todos os bancários, de bancos públicos e privados”, completa Juvandia, destacando: “é inadmissível que todos os anos tenhamos de ir à greve para obter conquistas, ainda mais trabalhando em um setor tão lucrativo quanto o financeiro. Esperamos que os banqueiros tenham consciência de que precisamos avançar na mesa de negociação, sem ter de levar a categoria à greve.”

Assistencial – A oposição à contribuição assistencial – de 2,5% do salário mais R$ 10 – pode ser feita dentre os dias 18 e 31 de outubro, na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé), de segunda a sexta das 9h às 18h. Bancários com cadastro no Sindicato poderão fazer a oposição via internet durante 24 horas inclusive sábado e domingo de 24 a 31 de outubro (no dia 31 encerra-se às 18h, junto com a Quadra).

Brasil - Até às 23h de segunda 17, segundo a Contraf-CUT, aprovaram a propostas da Fenaban, Banco do Brasil e Caixa Federal: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Alagoas, Bahia, Mato Grosso, Florianópolis, Campo Grande, Rondônia, Acre, Campinas, Juiz de Fora. Guarulhos, Niterói, ABC, Presidente Prudente, Araraguara, Mogi das Cruzes, Baixada Fluminense, Angra dos Reis, Londrina, Blumenau, Feira de Santana.

Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Redação - 17/10/2011

domingo, 16 de outubro de 2011

Para onde vai a Editora Abril?


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aaaaveja
Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa
Comentário para o programa radiofônico do OI, 14/9/2011
Movimentações recentes no comando da Editora Abril, como a contratação do banqueiro Fabio Barbosa para a presidência do grupo, e a compra, pela família Civita, do complexo de cursos e publicações Anglo Latino, têm estimulado suspeitas de que o grupo estaria se preparando para desidratar o setor de revistas.
Consolidada a aquisição do Anglo, por R$ 600 milhões, acertada em meados de 2010, o negócio ainda causa curiosidade entre especialistas, como deixou escapar na terça-feira (13/9) um experiente professor da Fundação Getulio Vargas.
Afinal, para que a Editora Abril iria querer um sistema educacional que é na verdade uma franquia que oferece cursos e vende apostilas?
Em primeiro lugar, não se trata de um negócio da Abril, mas da família Civita. Perspectivas pouco animadoras quanto aos sucessores de Roberto Civita teriam convencido o controlador do grupo editorial a investir em educação, um negócio muito mais promissor do que o de revistas.
Segundo mostrou o recente encontro da associação do setor, a ANER (Associação Nacional de Editores de Revistas), o cenário vai levar a mudanças radicais na organização das editoras, com uma provável fragmentação dos grupos de interesse, o chamado público das revistas.
A pulverização dos títulos, induzida pela necessidade de buscar recursos em nichos cada vez mais específicos, tem aumentado perigosamente a complexidade da gestão do grupo Abril.
Os esforços para a qualificação de editores em técnicas de administração não têm dado resultados, simplesmente porque jornalistas, em geral, não são preparados para outra coisa que não jornalismo.
Jornalistas que atuaram em outros setores da economia, em cargos de diretoria, sabem o abismo que separa seus colegas editores dos executivos oriundos das áreas financeira, industrial ou de serviços.
Sem um herdeiro que possa ser qualificado como gênio, e sem ter tido a sorte de ser, ele mesmo, um clone do pai, o patriarca Victor, Roberto Civita tem poucas garantias de ver prosperar ou mesmo permanecer sua complicada rede de publicações.
Mas as revistas estão acabando?
Não exatamente. Mas as mudanças que estão ocorrendo no setor vão se acelerar de uma forma jamais vista antes no mercado. Títulos tradicionais vão desaparecer subitamente, e certos temas serão quase exclusivamente lidos em plataformas digitais.
Na rota do Titanic
Volta, então, a pergunta que foi feita aqui na última terça-feira: o que o banqueiro Fábio Barbosa foi fazer na Editora Abril?
Ele já declarou aos editores que nada sabe do negócio de revistas. Mas Barbosa e Civita sabem que isso não tem a menor importância, porque ele não está na Abril para salvar as publicações – ele virou presidente do grupo para salvar o capital da família Civita.
No encontro em que foi apresentado aos editores do grupo Abril, Barbosa disse que, como não conhece o setor, talvez seja capaz de fazer perguntas que os jornalistas já esqueceram.
Bobagem: para fazer seu serviço, ele não precisa saber o que é uma boa pauta. Ele vai fazer o que é sua especialidade: obter o máximo de resultado financeiro no que resta de vida a alguns produtos, preparar a abertura de capital do outro negócio – o de educação – e observar a lona do circo de revistas murchar.
Roberto Civita já colecionou grandes feitos em sua carreira de executivo-empresário: perdeu a TVA, vendida para a Telefonica, viu o Brasil Online ser absorvido pelo UOL e estimulou a transformação da revista Veja, que já foi um dos principais patrimônios da imprensa brasileira, em um título Murdoch.
A Abril vive de um punhado de revistas sem qualquer relevância, a maioria voltada para assuntos de menor importância para as necessidades estratégicas de uma empresa do seu porte. As revistas de negócios, que já tiveram grande influência, foram transformadas em manuais de auto-ajuda para gerentes e são consideradas um dos elos mais frágeis do sistema de publicações de papel – porque os jovens executivos preferem se informar em seus aparelhos digitais e têm acesso a dezenas de alternativas setoriais no formato tradicional, como as revistas customizadas e as publicações de nicho.
Do conjunto de bravos e esforçados editores não saem ideias inovadoras capazes de criar novos títulos, simplesmente porque a empresa matou, ao longo dos últimos anos, a cultura de inovação.
A homogeneidade das redações desestimula a competição criativa, acomoda os profissionais, gera vícios na produção dos textos e no desenho das páginas, como pode observar qualquer leitor atento de revistas.
Não há gênio humano capaz de conduzir a bom porto um transatlântico como o grupo Abril.
Do outro lado da notícia