O TSE, suas decisões e as urnas eletrônicas
Muito tem sido discutido sobre o perigo das urnas eletrônicas no Brasil e do seu sistema, que não permite a conferência. Como todo sistema eletrônico, elas permitem a adulteração dos dados de acordo com a vontade de poucas pessoas, que controlam o programa ali instalado.
É falsa a discussão que os técnicos em TI indicados pelos partidos para conferência podem detectar possíveis fraudes.
Essa fragilidade fez com que mais de 50 países que testaram a urna eletrônica brasileira tenham recusado sua utilização.
As decisões recentes do TSE tornam ainda mais preocupante essa situação, o presidente Lula foi multado duas vezes pelo TSE por propaganda política antecipada.
Lula, que não é candidato a nada foi multado duas vezes enquanto Serra viaja pelo País e participa de inaugurações e não foi multado nenhuma vez. Por que isso?
O TSE autorizou o PSDB a auditar a pesquisa Sensus porque apresentou empate entre Dilma e Serra sem que os tucanos apresentassem qualquer vestígio de fraude na solicitação, apenas porque o resultado não coincidia com a pesquisa do Datafolha, essa sim, inchada com dados do estado de São Paulo para favorecer Serra, em total desrespeito a proporcionalidade da população brasileira de acordo com os dados do IBGE.
E mais recentemente, o TSE, em relatório assinado por Aldir Passarinho, considerou que as passeatas e manifestações da Apeoesp constituem campanha contra Serra e o parecer recomenda multa “no valor máximo” pela “gravidade da conduta” da Apeoesp. Se o governo não negocia com o funcionalismo público, que é marca dos tucanos, que não negociam com os servidores há 16 anos no estado de São Paulo, assim como FHC não negociou durante todo seu mandato, o que resta ao funcionalismo? Reclamar ao bispo? Parece essa a única alternativa que o TSE dá, pois considera uma manifestação legítima de uma categoria em campanha salarial como um ato político.
E vamos piorar esse caldo, junte urnas eletrônicas nada confiáveis, some pesquisas manipuladas como tudo indica que está fazendo o Datafolha e Ibope, com TSE tomando decisões muito questionáveis. No que isso pode dar?
Imaginem se chegarmos próximos as eleições e tivermos dois institutos de pesquisas como o Sensus e o Vox Populi, (se não forem “enquadrados”), apresentando resultados em que Dilma aparece liderando. Outros dois institutos (Datafolha e Ibope), apresentando Serra ganhando, e toda a mídia descaradamente pró-Serra, como já é, alardeando essa situação (a Globo já informou que divulgará apenas as pesquisas do Datafolha e Ibope). O que garante que o voto do eleitor será mesmo respeitado?
Nossa recente democracia corre sério risco. Corremos o risco do povo eleger uma pessoa e a mídia, os institutos de pesquisas e o TSE elegerem outro.
Tertuliano Queiróz