São Paulo está sob ameaça de um racionamento de água. A
Sabesp diz que a culpa é do usuário que desperdiça água, que faz “gato”
e por aí vai. Nesta semana, o metrô paulistano teve (mais uma vez)
problemas, e pessoas ficaram presas por mais de meia hora dentro de um
túnel sem ar condicionado, o que resultou em pânico, saídas de
emergências acionadas, pessoas andando pelos trilhos e um colapso
generalizado que durou cerca de 5 horas. O Secretário Estadual de
Transportes e o Governador Geraldo Alckmin disseram que a culpa foi dos
usuários “vândalos”. Nenhuma das autoridades assumiu qualquer parcela de
erro.
O inferno são sempre os outros.
No fundo (e nem tão no fundo assim), o cidadão não passa de um
cliente pentelho, um inimigo, pra esse jeitinho empresarial de lidar com
a “coisa pública”. Mas o que era o último grito da moda administrativa
nos anos 1990 esfacelou-se com a crise de 2008, na qual bancos e
instituições financeiras quase levaram o mundo à bancarrota e mesmo
assim não foram punidos. Ninguém mais aguenta esse tratamento
diferenciado de lucros e benefícios para poucos e prejuízos para muitos.
A Sabesp, por exemplo, gastou os tubos com publicidade pedindo que os
usuários economizassem, mas em nenhum momento se prontificou a resolver
a absurda perda de 25% da água entre os reservatórios e as residências. Também não é mencionado que a produção de água está no limite da demanda
e que, portanto, qualquer problema coloca o sistema em crise (sem falar
que na periferia de São Paulo, a falta de água já é realidade). Mas a
culpa é da tiazinha que lava sua calçada, do maninho que lava o carro no
domingo.
Registro de intervenção que aconteceu no metrô em 2013
Já o caso do metrô e trens é ainda mais complexo. Promotores públicos
estimam que “propinoduto tucano” tenha desviado cerca de R$ 875 milhões
dos cofres estaduais (pouco mais de 6 “mensalões”), mas os valores dos
contratos com as multinacionais Alstom e Siemens, empresas que atuam nos
metrôs e trens de São Paulo há 20 anos, chegam a quase 40 bilhões.
Existem muitas denúncias que comprovam que durante os governos de Mário
Covas, José Serra e Geraldo Alckmin houve um esquema de corrupção que
fraudou licitações, e que desviou dinheiro público para aquisição e
reforma de trens, e na construção e expansão das linhas
metroferroviárias em São Paulo.
Desde 2011, o Sindicato dos Metroviários vem alertando a direção do Metrô e ao Ministério Público sobre problemas recorrentes,
principalmente nas frotas que foram reformadas com valores
superfaturados. “Sempre dissemos que, ao não resolvê-los, a empresa
estava trabalhando com a sorte, apostando na sorte. E que, se isso
ocorresse no pico da tarde, com as pessoas voltando para suas casas, ia
causar tumultos. (...) Nossa preocupação é que isso pode acontecer
novamente, e o governo pode não ter tanta sorte. Estamos à beira de uma
tragédia”, afirmou Altino de Melo Prazeres Jr., presidente do sindicato.
Opinião do Blog do Casé: O Sindicato dos Metroviários também não
ajuda em nada para que os problemas sejam resolvidos, nem pela segurança
dos trabalhadores e nem da população que é escrachada todos os dias,
com bravatas, lançam campanhas anuais pelas participações nos Lucros e
Melhorias Salariais , as quais nunca são atendidas em sua totalidade,
fazem um acordo rebaixados , mas quando o "pixulé" vem, esquecem dos problemas, da
população e dos trabalhadores que serão lembrados apenas na próxima
campanha Salarial. Diretoria combativa essa , não?
E diante de tudo isso e de tantas testemunhas do caos de terça, 4 de fevereiro , o que diz o Governador Geraldo Alstom, ooops, Alckmin? Que o que aconteceu foi “sabotagem”
e que uma das soluções é aumentar o policiamento (?!). A culpa é do
usuário, esse fracote que não aguenta meia horinha dentro de um metrô de
portas fechadas sem ar condicionado.
Melhorar mesmo? Melhorar mesmo? Melhorar nada.Mexidão + opinião do Blog do Casé