Chicote.
Tempos atrás, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, um adolescente negro foi espancado e amarrado a um poste, por trogloditas que se achavam fazendo "justiça" com as próprias mãos.
Pior, com o apoio explícito (e cínico) de parte da mídia igualmente troglodita e desumanizada.
Não que essas atrocidades, escandalosamente, não acontecessem a rodo por aí.
Mas, agora, emponderados pelo discurso do ódio e impulsionados pela postura do "nosso" escatológico presidente da República, que rende homenagens a torturadores, tudo leva a crer que a Casa Grande resolveu, escrachadamente, entrar em cena com tudo aquilo que sempre acreditou ser seu direito: espancamentos, milícias, perseguições, pistoleiros, tortura, capitães-do-mato, impunidade e chicote.
E, de modo covarde, com seus alvos preferenciais de sempre: pretos, pobres e desamparados. "Ou quase pretos. Ou quase brancos, quase pretos de tão pobres", como disse Gilberto Gil numa canção.
Dessa vez, a coisa aconteceu na maior cidade do país. Outro adolescente preto foi amordaçado nu e torturado a chicotadas, como se estivesse nos tempos da Senzala. Isso, dentro das instalações do supermercado Ricoy na Vila Joaniza.
A Tortura é tipificada como crime desde 1997 no país e, mais que repudiá-la e denunciá-la, é preciso que a sociedade exija de fato que esses monstros sejam punidos.
Ou será que ainda estaremos dispostos a "ouvir o silêncio sorridente de São Paulo", diante de tais atrocidades?
BancáriosSP
4/9/19.