quarta-feira, 5 de maio de 2010

A oposição joga suas fichas para que a popularidade do Presidente caia e, conseqüentemente, a intenção de voto de Dilma.


NOITE DA IRRESPONSABILIDADE.


Irresponsabilidade e demagogia de ano eleitoral são os sinônimos para ao deputados que, na noite de 04 de maio, votaram o reajuste de 7,72% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo e, de quebra, acabaram com o fator previdenciário.

Em ano eleitoral, pensando exclusivamente na sua reeleição, os parlamentares, inclusive a base aliada, cometeram uma irresponsabilidade administrativa ao conceder benefícios sem dizerem de onde virão os recursos.

A proposta original do governo previa um reajuste de 6,14% de aumento, o que significava um aumento de 50% do PIB mais a inflação do período. O governo chegou a negociar com os líderes dos partidos um índice de 7%, que seria um valor intermediário entre o que pregava a oposição e o índice estabelecido pela MP 475.

Ao conceder 7,72% de aumento e acabar com o fator previdenciário, sem nenhuma contrapartida - como a proposta de reforma apresentada pelo deputado Pepe Vargas (PT/RS), por exemplo – a oposição, e grande parcela da base governista, mostrou total irresponsabilidade em relação ao Brasil.

Curiosamente, os parlamentares que concederam esse reajuste são os mesmos, dos mesmos partidos, que instituíram o fator previdenciário em 1999 e que deixaram os aposentados à míngua durante os anos de FHC, com reajustes abaixo da inflação.

A Confederação Brasileira dos Aposentados (Cobap) chegou a colocar em seu site na internet uma foto ofensiva da ministra Dilma Rousseff e subliminarmente fez indicação de voto em seu concorrente, apresentando-a como amiga do presidente Lula e inimiga dos aposentados. Será que os aposentados têm memória tão curta assim?

Será que não são capazes de fazer uma simples comparação entre os reajustes que tiveram durante os 8 anos de FHC e os 7 anos do governo Lula? Será que não se lembram que boa parte das perdas que querem recuperar agora foi o que perderam durante o governo FHC? Será que não percebem a malandragem dos parlamentares que agora viraram “amigos dos aposentados”, que são os mesmos que meteram a mão em seus bolsos na era FHC? O que esperam de um governo Serra? Aumentos acima da inflação? Só se também acreditam em Papai Noel.

Aliás, essa postura dos aposentados me lembra a postura do funcionalismo do Banco do Brasil e da Caixa Federal que durante os anos de FHC não tiveram nenhum reajuste salarial, ocorreram demissões e transferências arbitrárias, resultando em uma quantidade absurda de suicídios no Banco do Brasil e nem ao menos conseguiam fazer greves. E, desde o primeiro ano do governo Lula, fizeram greves todos os anos, tiveram - todos os anos - reajustes acima da inflação, ocorreram milhares de novas contratações e avanços significativos na Convenção Coletiva de Trabalho, através do restabelecimento da mesa única de negociação com a Fenaban (no tempo de FHC negociavam em mesas separadas e eram massacrados) e mesmo assim, são críticos ácidos do governo Lula e dão munição de sobra aos discursos oportunistas dos sindicalistas ligados ao PSTU e PSOL, que, em relação ao governo Lula tem discurso igualzinho ao PSDB, DEM ou PPS.

Enfim, resta ao presidente Lula dois caminhos, ou deixa como está ou veta o que foi aprovado na Câmara Federal. Se o Presidente Lula fosse um oportunista como foram os deputados, por estar no final do mandato e ter a aprovação popular de 85%, poderia simplesmente deixar essa bomba para seu sucessor, pois tudo o que foi aprovado vai valer a partir de 2011. Mas como o Presidente Lula tem responsabilidade com o Brasil e não apenas com seu mandato, vai ser obrigado a vetar essa irresponsabilidade dos deputados, que representa um custo extra de 10,5 bilhões (cálculo da oposição) a 15 bilhões (cálculo do governo) ao ano.

A oposição, sabedora de que Lula vai vetar, joga suas fichas para que a popularidade do Presidente caia e, conseqüentemente, a intenção de voto de Dilma. Ou seja, estão pouco se lixando para os aposentados, esses não passam de marionetes neste jogo. O pano de fundo disso tudo é o embate eleitoral, nada mais! O que vale mesmo para a oposição demo-tucana é vencer a eleição de 2010 a qualquer custo, coisa que o PIG (Partido da Imprensa Golpista) já está empenhado até a medula, inclusive com seus institutos de pesquisas.

É necessário fazer justiça ao deputado Arnaldo Madeira (PSDB/SP), que foi o único oposicionista a votar contrário a esse reajuste e ainda chamou de NOITE DA IRRESPONSABILIDADE o que aconteceu na noite de 04 de maio.



Tertuliano Queiróz

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