O CNJ e a USP
Por Mario Lan
O que tem em comum a expulsão dos alunos da USP que invadiram a Coordenadoria de Assistência Social, com o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, que investiga desvios de milhões de reais por membros do Judiciário do país?
O CNJ foi criado para exercer o controle externo dos possíveis desmandos administrativos do Judiciário brasileiro – lento, ineficiente e por vezes suspeito – já que suas decisões tem hora que parecem contradizer o interesse público, entenda-se, o povo, que deveria estar resguardado com o cumprimento da lei.
A USP foi criada para produzir conhecimento e proporcionar o pensamento de seus alunos, já que é através do aprofundamento de reflexões existenciais que se pode alcançar um comportamento ético, essa uma de suas missões. O aparelhamento técnico do profissional formado na universidade, a outra missão, somente alcançará o objetivo de conhecimento suficiente para agir de modo a proporcionar o bem viver, se mesclado com uma atuação humanística desejosa de procedimentos éticos.
Os senhores que atuam no Judiciário, que detêm esse que é um dos Poderes do Estado (com letra maiúscula), são todos detentores de graduação universitária, então podemos notar que se a USP e outras estivessem cumprindo seu papel, o CNJ seria absolutamente desnecessário, já que teríamos além de excelentes profissionais, estaríamos tratando com intérpretes éticos da lei, lembremos que segundo Aristóteles ética é ação em prol da comunidade, leia-se do povo, do Estado Democrático de Direito, na sua mais atual expressão.
A reitoria uspiana ao expulsar os jovens – qualificados como rebeldes sem causa - matou em nome de um decisão burocrata, que visa preservar um administrativismo doentio, o celeiro da luta democrática, rompeu a possibilidade de discussão quanto a inviabilidade, irregularidade e incorreção de atos como aquela invasão (ou não), pois preferiu a vingança ao convencimento e a tentativa de mudança voluntária de postura dos rebelados (mas, poderia ser que quem acabasse convencido da justiça da invasão fosse a própria reitoria).
Toda vingança é antiética. A formação universitária, então, não favorece o desenvolvimento de um conhecimento somado a procedimentos éticos. Toma valores menores como se fossem maiores, materializam a alma e nela ela incute apenas valores monetários, ou seja, o seu trabalho só vale o quanto você pode ganhar em dinheiro, de tal modo tornando necessário que venha o CNJ dizer aos membros do Judiciário que não é bem assim.
Interessante artigo sobre a expulsão dos alunos da USP poderá ser lido no site da Revista Caros Amigos. Quanto ao CNJ os jornais de hoje estampam matérias sobre a concessão de liminar contra as investigações de recebimentos irregulares no valor de até 1 milhão por membros do Judiciário.
Leia mais...
http://www.cartacapital.com.br/politica/agu-aciona-supremo-contra-decisao-que-limitou-poderes-do-cnj/
http://www.agora.uol.com.br/brasil/ult10102u1024322.shtml
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