Taciane Galvão da Silva está grávida de cinco meses e há 4 dias não tem se sentido bem por causa de uma bomba de efeito moral que explodiu perto de onde estava deitada no acampamento formado por sem teto na calçada da Avenida São João, no centro da capital paulista. Para piorar a situação, no meio da confusão um Guarda Civil a atingiu com spray de pimenta. “Depois disso, comecei a ter febre, diarréia, fraqueza e nada do que eu comia parava no meu estômago. Senti muita dor, não conseguia nem me mexer”, conta a jovem.
As agressões contra Taciane aconteceram no último domingo (5) durante uma tentativa da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de desmontar um acampamento formado pelas 230 famílias despejadas na quinta-feira (2) do prédio 628 da avenida São João.
De acordo com o coordenador da Frente de Luta por Moradia (FLM), Osmar Borges, cerca de 300 homens da GCM fecharam o quarteirão “e, de forma muito truculenta, iniciaram um processo de agressão às famílias com spray de pimenta e bombas de efeito moral”.
“Não deixaram a gente tirar as nossas crianças. Machuquei a mão tentando defender a minha filha, para não baterem nela com cacetete”, conta Iolanda Nascimento Ferreira. Segundo ela, os guardas agrediram os sem teto que impediam a aproximação às crianças no momento do confronto. “A intenção deles era o Conselho [Tutelar] pegar as crianças para forçar os pais a tomar uma decisão”, alega.
Essa foi a terceira tentativa da administração pública de retirar as famílias acampadas desde a reintegração de posse do prédio. Antes, na sexta-feira (3), pela manhã os Guardas Civis recolheram as madeiras usadas pelos sem teto para formar barracos e, à noite, tentaram negociar o fim do acampamento.
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