O jornal O Estado de São Paulo relatou entrevista que lhe concedeu o candidato a prefeito de São Paulo pelo PRB, Celso Russomano, e pacto de apoio mútuo que este teria feito com José Serra para um eventual segundo turno da próxima eleição de forma que aquele, entre os dois, que não passasse do primeiro turno apoiasse aquele que passasse.
Detalhe: os dois candidatos negam o acordo.
Sobre o acordo, se existir, nada a espantar. Como se verá adiante, Russomano e Serra têm visões obscurantistas bastante similares. Em relação à entrevista, o candidato do PRB a prefeito de São Paulo atacou o adversário Fernando Haddad por conta do kit anti-homofobia proposto pelo MEC e posteriormente descartado por pressão de setores religiosos e da mídia.
Durante o ataque ao candidato do PT a prefeito de São Paulo, Russomano exprimiu sua visão espantosa sobre “a sexualidade das pessoas”, que, segundo as suas palavras, pode ser “construída” e precisa ser “prevenida”.
“Eu sou contra a forma como ele foi feito”, disse Russomanno em relação ao projeto para combater a homofobia nas escolas. A frase polêmica que proferiu em seguida é, textualmente, a seguinte: “Não é dessa forma que você vai construir a sexualidade das pessoas. Deveria haver uma aula nas escolas sobre a sexualidade das pessoas, para haver prevenção.”
Russomano, ao contrário do que diz a ciência, parece acreditar que a sexualidade do espécime humano pode ser “construída”, ou seja, formatada, direcionada, quando o que se sabe é que os mamíferos nascem com tendências sexuais intrínsecas que só se guiam pelo inconsciente, desprezando estímulos externos assim como uma pessoa gosta ou não de determinada comida.
Com efeito, não se pode fazer alguém gostar de jiló se a pessoa não gostar. Pode envolvê-lo na mais bela embalagem e todos no entorno devorarem o vegetal que quem não gosta continuará não gostando. Meu filho, por exemplo, odeia tomate. O resto da família adora, come muito, mas ele jamais conseguiu digerir tomate preparado de forma alguma.
Sobre “prevenir sexualidade” de crianças e adolescentes, essa é a parte mais preocupante do pensamento de mais esse esteta do obscurantismo. Prevenção se faz contra doenças. Não se previne orientação sexual porque ser heterossexual, homossexual ou bissexual é da natureza humana e nenhuma dessas formas pode ser dita doentia.
Eis, portanto, o que está em jogo na próxima campanha eleitoral. E não só para os sofridos paulistanos, mas para todo o Brasil, pois esses ideólogos do atraso, da burrice e do preconceito têm evidência nacional e, assim, podem espalhar seus graves problemas psicológicos e essa incapacidade doentia de lidar com a diferença.
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