Altamiro Borges
Miriam Leitão, Sardenberg e vários outros “urubus” da mídia rentista, que vivem pregando a adoção no Brasil dos dogmas neoliberais, deveriam cobrir com mais atenção os efeitos destrutivos destas medidas na Europa. Das duas uma: ou fariam autocrítica das besteiras que alardeiam ou teriam de confessar que defendem os interesses dos banqueiros e dos ricaços. Um rápido balanço de 2012 evidencia o desastre causado pelo receituário neoliberal na zona do euro. O desemprego disparou e a miséria se espraiou no velho continente.
Em outubro passado, pelo 18º mês consecutivo, a taxa de desemprego voltou a subir e bateu recorde nos países que utilizam a moeda comum. Pulou de 11,6%, em setembro, para 11,7%, segundo dados da Eurostat, a agência oficial de estatísticas da região. No mesmo período do ano passado, o bloco tinha desemprego de 10,4%. Em 2008, no início da crise econômica, a zona do euro registrava índice de 7,6%. As medidas de “austeridade” aplicadas pelos governos rentistas da região só agravaram este drama social.
A situação é ainda mais dramática nos “primos pobres” da Europa. Na Espanha, o desemprego atingiu no final do ano passado 26,2% da população economicamente ativa. Já na Grécia ele vitima um quarto da força de trabalho: 25,4%. Em Portugal, a taxa disparou de 13,7%, em 2011, para 16,3%, em 2012. Na Irlanda, o desemprego alcançou 14,7%, marca um pouco melhor que os 15% registrados em outubro do ano retrasado. As menores taxas se encontram na Áustria (4,3%), em Luxemburgo (5,1%) e na Alemanha (5,4%).
Com o aumento do desemprego e o corte dos gastos sociais, o nível de pobreza atinge índices alarmantes no continente que se gabava do seu estado de bem-estar social. Segundo recente estudo oficial, 24,2% dos europeus – 119 milhões de pessoas – encontram-se hoje na situação de “risco de pobreza”. O índice é quase um ponto percentual maior que o registrado no ano anterior (23,4%) e, segundo a própria Eurostat, está ligado ao aumento do desemprego decorrente da prolongada crise econômica.
Bulgária e Romênia, dois países dizimados pela restauração capitalista, lideram a lista das nações com mais pessoas na pobreza – com 49,1% e 40,3%, respectivamente. Já a Grécia viu seu percentual saltar de 27,7% para 31,1% no período de apenas um ano. Na Espanha, o índice pulou de 25,5% para 27%. Os dois países que apresentam melhores resultados – Islândia (13,7% de pobres) e Noruega (14,6%) – não por acaso estão fora do bloco econômico europeu, hoje hegemonizado pelos neoliberais.
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