publicado em 16 de maio de 2013 às 16:47
Por que fracassará o terrorismo econômico do PSDB e da mídia
por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
No mesmo dia do mês passado em que o país recebeu uma excelente notícia sobre a sua economia, o Jornal Nacional
a transformou em notícia ruim de forma a não destoar do noticiário
maníaco-depressivo com que a mídia de oposição ao governo federal vem
tentando convencer o país de que estamos à beira da ruína econômica.
Em 25 de abril último, o site da Presidência da República anunciava que o Desemprego
no Brasil em março fora “O menor da série histórica iniciada há 12
anos”, segundo IBGE. A notícia foi publicada às 16:02 hs. Às 21:12 hs.,
porém, o site do Jornal Nacional reproduzia
manchete que fora vocalizada minutos antes pelo âncora Willian Bonner:
“Taxa de desemprego no Brasil sobe para 5,7% em março”.
O cidadão que só se informou sobre o assunto através do principal
telejornal da Globo certamente ficou achando que a situação do emprego
piorou no país, sobretudo se só assistiu à “escalada” (o que seja, o
anúncio das principais notícias do dia) que o casal de apresentadores do
informativo Global apresenta no início de cada edição.
Mesmo que o telespectador do JN tenha assistido à
curta notícia sobre o desemprego que Bonner veiculou pouco depois e não
apenas à manchete durante a “escalada”, se não entender de economia deve
ter ficado com a impressão de que a notícia era ruim.
Veja, abaixo, a íntegra do texto que Bonner recitou.
“A taxa de desemprego subiu para 5,7% em
março. Mesmo assim, o resultado foi o melhor para o mês desde 2002,
quando o IBGE passou a utilizar a metodologia de pesquisa atual. Número
de pessoas empregadas no país ficou estável. Mas, em São Paulo, houve
queda de 1,3%, devido, principalmente, a demissões na indústria”
A notícia, como foi dada pelo JN, induz o público a
erro. A notícia era – e continua sendo – excelente. Desde que o IBGE
começou a apurar o desemprego no Brasil com nova metodologia – o que
ocorreu em 2002 –, março de 2013 teve a taxa mais baixa em relação a
todos os outros meses de março desses 12 anos.
Realmente o desemprego em março subiu em relação a fevereiro – foi de
5,7% no mês passado e de 5,6% no mês anterior. Contudo, relevar na
“escalada” do telejornal uma alta de 0,1 ponto de um mês para outro é
uma evidente manipulação da notícia.
Mas o pior é que, apesar de Bonner ter informado, muito rapidamente,
que 5,7% foi a menor taxa de desemprego para um mês de março, ele fechou
a notícia com um dado irrelevante sobre a redução do emprego em São
Paulo.
Ora, por que o desemprego de São Paulo? E o dos Estados em que caiu
acima da média nacional, por que não citar? Como se vê, é uma mera
escolha que a redação do JN fez ao contrapor duas “más” notícias a uma
boa.
Essa tática já fora usada no mês anterior. Na mesma época do mês de março, a Globo também veiculou que o desemprego “subiu” em fevereiro, quando, na verdade, aquele mês também teve a menor taxa para um fevereiro desde 2002, sempre segundo o IBGE.
O terrorismo com que Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja
e seus satélites tentam piorar a percepção da sociedade sobre a
situação econômica do país valendo-se de artifícios desonestos como esse
supracitado é tão escandaloso e tem um viés político-eleitoral tão
claro que na edição da Folha de quinta-feira 16 de maio o dito “decano
do colunismo político nacional”, Janio de Freitas, perdeu a paciência.
Apesar de alguns blogs já terem reproduzido essa coluna de Janio,
antes de prosseguir na análise reproduzo-a também (abaixo) não só para
quem não leu em outra parte, mas para ilustrar o absurdo de uma campanha
literalmente terrorista e mentirosa com que esse setor da mídia tenta
influir na política brasileira em favor dos partidos de oposição a ela
aliados.
FOLHA DE SÃO PAULO
16 de maio de 2013
Janio de Freitas
O terrorismo do noticiário econômico martela; não sei dizer se o governo está aturdido com isso
Liguei o rádio no carro. Entrou de sola:
“é crucial e não é bom!”. Um susto. O que seria assim dramático? A
caminho do almoço, o susto devorou o apetite. Claro, era mais um dado da
realidade terrível que o Brasil vive. As vendas no comércio de varejo,
no primeiro trimestre ou lá quando seja, caíram a barbaridade de 0,1%.
O comércio vendeu, no período, menos R$ 0,10 em cada R$ 100. Pois é, crucial e nada bom.
Os preços, como o seu e o meu bolso
sabem, vêm subindo à vontade há tempos, o que fez com que o comércio
precisasse vender muito menos produtos para completar cada R$ 99,90 do
que, na comparação com o passado, precisara para vender R$ 100. Mas, na
hora, não tive tempo de salvar o apetite com esse raciocínio, porque à
primeira desgraça emendava-se a notícia de outra. A queda desanimadora
nas vendas para o Dia das Mães, comparadas com 2012: queda de 1%.
É preciso lembrar o quanto os
consumidores encararam em aumentos de preços de um ano para cá? O
comércio brasileiro está lucrando formidavelmente, com o maior poder
aquisitivo das classes C, D e E, aplicado na compra dos tênis aos
eletrodomésticos, dos móveis às motos, quando não aos carros.
O terrorismo do noticiário e dos
comentários econômicos martela o dia todo. Não sei dizer se o governo
está aturdido com isso, como parece das tão repetidas quanto
inconvincentes tranquilizações do ministro Guido Mantega. Ou se comete o
erro, por soberba ou por ingenuidade, de enfrentar a campanha que está,
sim, fazendo opinião.
Daí que me permito duas sugestões, se v.
quer elementos para formar sua própria opinião. O primeiro é a leitura,
disponível no site da Folha (folha.com/no1278158),
de um artigo muito importante, publicado no caderno “Mercado” de
terça-feira. Seu autor é Bráulio Borges, mais um economista que escreve
em português (um dia chegaremos à primeira dúzia).
Em “Pós-crise de 2008, debate mundial
começa a reavaliar velhas ideias’”, Borges mostra que as cabeças mais
relevantes da “ciência econômica” estão derrubando as teses de política
econômica ainda predominantes e adotadas pelos economistas e outros
contra as linhas básicas da política econômica no Brasil.
A outra sugestão é para que v. comece bem
as quartas-feiras. Se lhe ficam ainda reservas vindas de longe,
releve-as e leia os artigos em que Delfim Netto tem dito muito do que
precisa ser dito para fazermos ideia de onde e como estamos, de fato.
Descontados, pois, terrorismos e eleitorismos. Ou, no caso, são a mesma
coisa?
E como crucial vem de cruz, não se
esqueça: enquanto o papa Francisco não chega, reze pelos nossos
comerciantes, para que recuperem suas perdas.
Janio acha que a campanha terrorista praticada pelo jornal para o
qual escreve e pelo resto desse setor da imprensa de forma a ajudar a
oposição nas eleições do ano que vem “Está, sim, fazendo opinião”, ou
seja, está convencendo a sociedade de que o país vai muito mal,
obrigado.
Além disso, o “decano do colunismo político nacional” também afirma
que essa desinformação estaria tendo sucesso por “Soberba ou por
ingenuidade” do governo Dilma Rousseff.
Concordo com Janio quando se queixa do imobilismo do governo diante
de uma campanha imoral de desinformação que está sendo martelada sem
parar pelas empresas de comunicação já mencionadas. Contudo, tenho
minhas dúvidas de que tal campanha esteja funcionando.
Além da quase inacreditável boa situação do emprego no Brasil em um
mundo em que o desemprego campeia e convulsiona sobretudo os países mais
desenvolvidos e ricos, a renda das famílias e sobretudo dos
trabalhadores não para de crescer.
Um dado até mais importante do que o nível de emprego crescente é o
crescimento do rendimento médio do trabalho apurado pelo IBGE nas seis
regiões metropolitanas em que o instituto atua – Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.
A Pesquisa Mensal de Emprego – PME do
IBGE revela que o rendimento médio do trabalhador deu um salto do ano
passado para cá. De fevereiro de 2012 para fevereiro de 2013, os
salários efetivamente recebidos (o valor líquido que chegou às mãos e
bolsos do trabalhador) continuaram crescendo.
Entre 2012 e 2013, os empregados dos setores público e privado
tiveram, em média, seus rendimentos aumentados de R$ 1.703,80 para R$
1.840,20, o que representa um crescimento salarial de 8% (!).
A tese do governo Dilma, com a qual concordo em parte, é a de que o
que o brasileiro sente no bolso anularia o que a mídia lhe diz sobre sua
situação.
Apesar de o Jornal Nacional e o resto da mídia
oposicionista pintarem um país em ruínas, hoje há emprego para quem
quiser trabalhar e os salários não param de subir, apesar de quedas
sazonais serem apresentadas como “Tendência de interrupção do processo
de valorização monetária da mão-de-obra no país”.
Entende-se a aflição de Janio de Freitas. É duro para um sacerdote do
bom jornalismo como ele ver seu ofício ser cotidianamente estuprado por
empresários de comunicação que há muito abandonaram a missão de
informar, convertendo seus veículos em agências de propaganda
político-ideológica.
Todavia, terrorismo macroeconômico e midiático não é novidade no
Brasil. Foi praticado antes contra o governo Lula e em condições até
mais favoráveis para os terroristas midiáticos
A atual crise econômica internacional estourou em 2008, quando os EUA
deixaram o banco dos irmãos Lehman quebrar. O desemprego no Brasil,
então, chegou a subir por dois ou três meses. A investida midiática foi
pior, mas não funcionou porque faz tempo que os brasileiros deixaram de
acreditar no Jornal Nacional e cia. Ltda.
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