Esquerda mobiliza periferia e se organiza para barrar o avanço da direita
publicado em 22 de junho de 2013 às 20:54
Esquerda se une em São Paulo para decidir como atuar em manifestações pelo país
do Brasil de Fato
22/06/2013
José Coutinho Júnior, de São Paulo (SP)
Nesta sexta (21/06), 76 organizações de esquerda, representando
movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos se reuniram no
Sindicato dos Químicos em São Paulo para avaliar o cenário de
mobilizações no Brasil e como criar uma unidade entre si para atuar
nestas manifestações.
A avaliação feita pelas organizações é de que as manifestações, que
iniciaram em torno da redução da tarifa do transporte público na cidade,
tem um caráter progressista, pois buscam a ampliação de diversos
direitos sociais para a juventude e para a classe trabalhadora,
indignadas com a situação em que vivem há anos.
No entanto, a direita organizada tenta dar os rumos do movimento,
enfatizando o nacionalismo e explorando o senso comum de que as
organizações políticas são a causa dos problemas do país, afirmando que
as manifestações são de um povo que, unido, não precisa de partidos ou
organizações.
Dessa forma, a direita inicia um processo de incitação ao ódio às
organizações trabalhadoras, responsáveis por construir lutas e
mobilizações, para que estas sejam impedidas de participar ativamente
das mobilizações com suas pautas progressistas, tentando assim acabar
com o caráter de classe e de luta por direitos concretos das
mobilizações.
A violência, tanto verbal quanto física, esta causada por grupos de
skinheads e neonazistas, que movimentos sociais, partidos e sindicatos
sofreram no ato da última quinta (20/06) em São Paulo, revela bem a
capacidade dessa direita em utilizar o sentimento de indignação contra a
política para expulsar a classe trabalhadora organizada dos atos.
Frente a isto, as organizações presentes avaliaram que é o momento de
se unir, construindo uma plataforma política unitária e se organizar
para levar as pautas da classe trabalhadora para as mobilizações, como a
democratização dos meios de comunicação, a redução da jornada de
trabalho, a suspensão dos leilões do pré-sal, a reforma política e a
prioridade de investimento dos recursos públicos em saúde e educação, politizando desta forma as ruas e a população que se manifesta.
A violência deve ser combatida, mas é preciso ter em mente que ela é
causada principalmente por grupos da extrema direita, e não pela maioria
presente nos atos, que acaba sendo manipulada por estes grupos. As
organizações avaliam que devem estar presentes nas ruas para disputar a
consciência destas pessoas, além de realizar uma jornada nacional de
lutas conjuntas para reivindicar suas pautas e mostrar sua força.
Estavam presentes organizações como a Marcha Mundial das Mulheres
(MMM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Via Campesina, União
Nacional dos Estudantes (UNE), Intersindical, Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Socialismo e Liberdade (PSOl),
Partido dos Trabalhadores (PT), dentre outros. Reuniões como esta estão
sendo feitas em outros estados, como Rio de Janeiro, Brasília e Minas
Gerais.
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Grupos de periferia se articulam em São Paulo para defender democracia e Dilma
Após violência contra militantes de esquerda em manifestações,
Cooperifa reuniu ativistas para reafirmar posicionamento e unificar
bandeiras
São Paulo – Cerca de 60 pessoas representando diversos coletivos e
movimentos sociais que atuam em bairros periféricos da zona sul de São
Paulo se reuniram na noite de ontem (21) na sede da Cooperativa Cultural
da Periferia (Cooperifa), no Jardim Guarujá, para articular estratégias
de combate a ideais classificados como fascistas.
Os participantes discutiram sobre a presença de grupos com símbolos
associados ao nazismo e ao fascismo no ato da última quinta-feira,
quando milhares de pessoas se reuniram na Avenida Paulista pedindo,
entre outras pautas associadas ao conservadorismo, o fim dos partidos e
dos governos. Para a frente periférica, isso, associado a palavras de
ordem como “Fora Dilma”, sinalizou a intenção desses grupos de usar
formas não democráticas para atingir seus objetivos. No ato, bandeiras
de legendas políticas e da Uneafro foram queimadas e militantes ficaram
feridos.
A avaliação preliminar do grupo em formação é que é preciso haver
apoio mútuo entre movimentos sociais e partidos de esquerda, ainda que
haja diversas críticas a eles, especialmente ao PT e ao governo Dilma.
“Não é hora de a Dilma sair. Nós vamos responder nas urnas”, afirmou
Débora Silva Maria, coordenadora das Mães de Maio.
Para a frente periférica, é preciso reafirmar os preceitos da
esquerda e formular uma pauta de reivindicações unificada e objetiva que
contemple as demandas das regiões mais pobres da cidade, além de não
permitir que grupos de direita usem a população como massa de manobra.
Diversos bairros na cidade e em municípios da região metropolitana
também têm sido tomados por manifestações. Jovens já pararam avenidas
importantes da zona sul, entre elas, a Belmira Marin, que liga o Grajaú à
Cidade Dutra, e a Estrada de Itapecerica, no Capão Redondo.
Há mais de uma década, o movimento Hip Hop e os saraus têm reunido
forças de esquerda em bairros afastados das regiões centrais da capital
paulista. Agora, acredita Sérgio Vaz, poeta e coordenador da Cooperifa, é
hora de colocar em prática todo o acúmulo desses movimentos.
“Não é uma luta qualquer. É luta de classes. A gente fala tanta
coisa, escreve tanta coisa. Tanta gente cita o Che Guevara, agora o
Marighella. Chegou o dia”, avaliou. Vaz acredita que o fortalecimento do
conservadorismo afeta diretamente a periferia. “Normalmente sobra para a
gente. Mas as balas aqui não vão ser de borracha”, afirmou.
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