quinta-feira, 10 de abril de 2014

O dia em que uma repórter da Rede Globo foi sincera




Ingenuidade ou arrogância? Repórter da Rede Globo teve um 

ataque de sinceridade

Rodrigo Vianna, Escrevinhador
A informação apareceu primeiro no facebook de Marize Muniz, assessora de imprensa da CUT. 
Ela contou o que aconteceu nesta quarta-feira (9/abril) quando uma repórter da Globo, 
destacada para cobrir a manifestação das centrais sindicais no centro de São Paulo, teve um
 infeliz ataque de  sinceridade. 
Vejam: (por Marize Muniz, via facebook)
“Deu dó. Sempre tenho pena de pessoas inocentes.
Foquinha da TV Globo gravou sonora com os caras da Força Sindical (do Aécio Neves), 
na Praça  da Sé, durante manifestação de seis centrais sindicais.
Aí, um militante cutista foi lá e perguntou: e a CUT, você não vai ouvir ninguém da 
maior central da  America Latina?
A pobrezinha respondeu: Tenho ordens da redação para só ouvir os caras da Força.
Foi um quiprocó danado e a bichinha teve de ir embora do local.” 
Resolvi checar a informação com outros manifestantes. E aí vieram mais detalhes. A jovem
repórter da Globo – movida por ingenuidade, como sugere Marize (ou, quem sabe, por 
arrogância) 
- teria dito, com todas  as letras, que estava ali só para entrevistar o “Paulinho da Força”. 
Essa teria  sido a instrução  recebida , ao sair da Redação.
Como se sabe, Paulinho é o presidente de central sindical mais crítica ao governo Dilma.
 Rompeu com o governo, e declarou que vai apoiar Aécio (PSDB) a presidente.
Não há problema nenhum em entrevistar o Paulinho. Afinal ele é o presidente legítimo de 
uma central sindical  importante. O problema é a repórter de uma TV que é concessão 
pública revelar que tinha instruções claras para entrevistar apenas Paulinho da Força.
Um militante da CUT teria insistido, apresentando: “olha, essa aqui é nossa 
vice-presidenta, a Carmen, você não quer ouvir a CUT?”
A jovem repórter teria respondido: “não, a orientação é ouvir só o Paulinho da Força”.  
A jornalista foi então vaiada e hostilizada pelos manifestantes – que passaram a gritar o
 tradicional “o povo não é 
bobo, fora a Rede Globo”.
“Ela não fez a entrevista. Ficou com medo e correu para uma agencia do Bradesco do
 outro lado da rua”, contou-me um manifestante com quem conversei há pouco.
Os manifestantes registraram a cena da jornalista escondida na agência – como mostram as
 fotos que  o Escrevinhador publica com exclusividade.
Poucos minutos depois, Paulinho chegou e foi dar a entrevista, dentro da agência bancária. 
Manifestantes  ligados à CUT seguiram vaiando e fotografando. Um segurança (da Globo? 
da Força Sindical?) teria se aproximado de uma manifestante que fazia as fotos, e tentado 
tomar o celular das mãos 
dela. Não conseguiu. Aparentemente, a jornalista também não conseguiu gravar com Paulinho
 da Força…

O caso revela algumas coisas

- a Globo (sob comando de Ali Kamel – aquele que adora processar blogueiros) segue
 pretendendo controlar a realidade; se é inevitável cobrir a manifestação, que se dê voz só aos
 amigos da casa e aos nimigos do governo petista; - os jornalistas da Globo já foram mais 
espertos; por que a jovem repórter teve aquele ataque de sinceridade? Podia ter feito 
a entrevista com a dirigente da CUT, 
e a Redação depois se encarregaria de cortar…
Mas jornalistas criados no ar-condicionado, sem  vivência de rua, talvez acreditem que ao 
carregar o microfone da Globo podem qualquer coisa; vão-se distanciando do mundo real,
e acabam surpreendidos quando enfrentam uma situação dessa.
A Marize (que foi chefe da pauta da Globo, tem experiência de sobra) ficou com pena da 
moça. 
Eu também fiquei.
Por outro lado, fiquei feliz porque agora uma história dessa não passa em branco. A Globo
 mente sem parar no JN, JG etc. Mas, pelo menos nesse caso, as fotos e o relato completo 
estão na internet.
A mídia velhaca já não fala sozinha…
Em tempo: o ato das centrais foi um sucesso em São Paulo; reuniu 10 mil pessoas segundo 
a PM, ou 40 mil segundo os manifestantes.
Entre as reivindicações, estão: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais 
sem redução de salário, manutenção da política de valorização do salário mínimo, fim do fator
 previdenciário, redução da taxa básica de juros e correção e progressividade da tabela do 
Imposto de Renda.

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