Hoje foi o mais horrível dia que tive na minha profissão, sou professor de Português, para quem não sabe.
Achei que seria um dever como cidadão e professor, mesmo que se tratando de um assunto que, segundo os reaças, não faz parte da minha matéria, esclarecer o que foi que aconteceu no dia 16/08. Como não tenho aula de segunda-feira, somente hoje pude falar com eles após o show de horrores.
Dou aula na periferia, Jaguaré, ao lado de uma comunidade. Contei pra eles (quase todos anti-Dilma e PT) sobre algumas bizarrices dos 'indignados", sempre tendo a preocupação de ser o mais isento possível e obedecendo a Ética profissional de não dar pronto, não dar a solução, fazê-los pensar, interpretar o texto da sociedade.
Citei o caso do rapaz que estava fazendo a denúncia dos massacres ocorridos na periferia e que foi colocado para correr enquanto se tiravam selfies ao lado de policiais e torturadores.
Foi aqui o meu momento de terror.
As coisas que ouvi dos alunos são de causar espanto e desanimar até mesmo Paulo Freire e Darci Ribeiro... Anísio Teixeira que me perdoe.
"Ninguém é inocente", "Se morreu, alguma coisa devia", "Quem matou não foi polícia porque não se atira assim ou assado", "Bandido tem é que morrer mesmo"... etc, etc, etc.
A aula deveria prosseguir, matéria atrasada, Romantismo e Realismo até o fim do ano como manda o currículo do 2º ano do Ensino Médio.
Mesmo abalado, desnorteado com tudo o que tive ouvir, tentei dar início à matéria, com um poema de Castro Alves. Não dá, não se consegue dar aulas, não querem aprender. Enfurnam as cabeças dentro de milhares de celulares, ouvem o mesmo funk ostentação ou pornô/funk milhares de vezes e não querem saber de mais nada.
Após algumas paradas, pedidos de "por favor me deixem ensiná-los", chutei, literalmente, o pau da barraca (ou da mesa), lancei impropérios, quebrei o dedo, arremessei livros, me retirei da sala e ouvi ao fundo a comemoração pela aula vaga.
Duas almas (no máximo três) que me fazem dar aula nesta sala, que querem sair da lama da ignorância, das trevas, ainda me faz professor.
O outro lado que é 50 alunos por sala, falta de biblioteca, indústria cultural, alienação, descaso com Educação, PIG, gestão tucana, etc, deixo por conta do outro lado da história.
Mataram mais uma vez, um pouquinho mais, o professor em mim.
Esse menino morto, morreu devido a ignorância de todos que nos deixam na mão.
Esse menino "eram meus alunos".
Achei que seria um dever como cidadão e professor, mesmo que se tratando de um assunto que, segundo os reaças, não faz parte da minha matéria, esclarecer o que foi que aconteceu no dia 16/08. Como não tenho aula de segunda-feira, somente hoje pude falar com eles após o show de horrores.
Dou aula na periferia, Jaguaré, ao lado de uma comunidade. Contei pra eles (quase todos anti-Dilma e PT) sobre algumas bizarrices dos 'indignados", sempre tendo a preocupação de ser o mais isento possível e obedecendo a Ética profissional de não dar pronto, não dar a solução, fazê-los pensar, interpretar o texto da sociedade.
Citei o caso do rapaz que estava fazendo a denúncia dos massacres ocorridos na periferia e que foi colocado para correr enquanto se tiravam selfies ao lado de policiais e torturadores.
Foi aqui o meu momento de terror.
As coisas que ouvi dos alunos são de causar espanto e desanimar até mesmo Paulo Freire e Darci Ribeiro... Anísio Teixeira que me perdoe.
"Ninguém é inocente", "Se morreu, alguma coisa devia", "Quem matou não foi polícia porque não se atira assim ou assado", "Bandido tem é que morrer mesmo"... etc, etc, etc.
A aula deveria prosseguir, matéria atrasada, Romantismo e Realismo até o fim do ano como manda o currículo do 2º ano do Ensino Médio.
Mesmo abalado, desnorteado com tudo o que tive ouvir, tentei dar início à matéria, com um poema de Castro Alves. Não dá, não se consegue dar aulas, não querem aprender. Enfurnam as cabeças dentro de milhares de celulares, ouvem o mesmo funk ostentação ou pornô/funk milhares de vezes e não querem saber de mais nada.
Após algumas paradas, pedidos de "por favor me deixem ensiná-los", chutei, literalmente, o pau da barraca (ou da mesa), lancei impropérios, quebrei o dedo, arremessei livros, me retirei da sala e ouvi ao fundo a comemoração pela aula vaga.
Duas almas (no máximo três) que me fazem dar aula nesta sala, que querem sair da lama da ignorância, das trevas, ainda me faz professor.
O outro lado que é 50 alunos por sala, falta de biblioteca, indústria cultural, alienação, descaso com Educação, PIG, gestão tucana, etc, deixo por conta do outro lado da história.
Mataram mais uma vez, um pouquinho mais, o professor em mim.
Esse menino morto, morreu devido a ignorância de todos que nos deixam na mão.
Esse menino "eram meus alunos".
Texto de Jurandir Chavier Chamusca Filho
Corrigindo o dia: 16/08.
ResponderExcluirGrato pela postagem.
Ok... Alterado.!
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