sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Guerreiro injustiçado...

(Reprodução)

Marçal Tupã-y nasceu na região de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul e, aos três anos de idade mudou-se para aldeia Te’yikue, na terra indígena Guarani-nhadeva.
Enfermeiro, foi um reconhecido defensor das demarcações de terras indígenas e lutador contra a escravização de seu povo e a exploração sexual de meninas indígenas. 

Marçal foi morto em 25 de novembro de 1983 e seus assassinos nunca foram condenados. 

Marçal passou um tempo de sua vida trabalhando no Recife e, após retornar ao Mato Grosso do Sul, se envolveu na luta pela demarcação da terra indígena Piarakua, em Bela Vista. 
Ele foi perseguido pela Funai e transferido mais de uma vez de território ao longo de sua vida. No ano de 1980, foi escolhido para representar sua comunidade num encontro com o Papa João Paulo II. 

Na ocasião, Marçal fez um discurso enérgico apelando para que o pontífice levasse as denúncias dos povos indígenas brasileiros para o mundo. “O Brasil não foi descoberto não. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas desse país. Essa e a verdadeira história!”, sentenciou. 

“Leve nosso clamor para outros territórios, que o mundo nos escute, porque o nosso povo, nossa nação indígena esta desaparecendo no Brasil”, pediu em tom de apelo ao santo padre. 

O indígena também lamentou ao religioso o assassinato de lideranças friamente eliminadas por aqueles que tomam “nosso chão”. A terra era o elemento que, para Marçal, garanta a vida das comunidades indígenas. 

Após diversas ameaças e agressões, no calor da luta pela demarcação das terras Guarani-nhadeva, Marçal Tupã-y foi assassinado a tiros na porta de seu rancho na noite de 25 de novembro de 1983. 
Os assassinos, mandante e executor, somente foram julgados dez anos depois e, reforçando a lógica de impunidade dos crimes contra as lideranças camponesas e indígenas, foram inocentados. 

*Editado por Solange Engelmann

*Publicado originalmente na página do MST

Nenhum comentário:

Postar um comentário