sábado, 12 de abril de 2014

Coletiva com blogueiros: Lula fala sobre comunicação .


Publicado em 10/04/2014
Em resposta ao blogueiro Eduardo Guimarães, ex-presidente destaca papel da imprensa, do Marco Civil da Internet e fala da necessidade da Regulação dos Meios de Comunicação.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O dia em que uma repórter da Rede Globo foi sincera




Ingenuidade ou arrogância? Repórter da Rede Globo teve um 

ataque de sinceridade

Rodrigo Vianna, Escrevinhador
A informação apareceu primeiro no facebook de Marize Muniz, assessora de imprensa da CUT. 
Ela contou o que aconteceu nesta quarta-feira (9/abril) quando uma repórter da Globo, 
destacada para cobrir a manifestação das centrais sindicais no centro de São Paulo, teve um
 infeliz ataque de  sinceridade. 
Vejam: (por Marize Muniz, via facebook)
“Deu dó. Sempre tenho pena de pessoas inocentes.
Foquinha da TV Globo gravou sonora com os caras da Força Sindical (do Aécio Neves), 
na Praça  da Sé, durante manifestação de seis centrais sindicais.
Aí, um militante cutista foi lá e perguntou: e a CUT, você não vai ouvir ninguém da 
maior central da  America Latina?
A pobrezinha respondeu: Tenho ordens da redação para só ouvir os caras da Força.
Foi um quiprocó danado e a bichinha teve de ir embora do local.” 
Resolvi checar a informação com outros manifestantes. E aí vieram mais detalhes. A jovem
repórter da Globo – movida por ingenuidade, como sugere Marize (ou, quem sabe, por 
arrogância) 
- teria dito, com todas  as letras, que estava ali só para entrevistar o “Paulinho da Força”. 
Essa teria  sido a instrução  recebida , ao sair da Redação.
Como se sabe, Paulinho é o presidente de central sindical mais crítica ao governo Dilma.
 Rompeu com o governo, e declarou que vai apoiar Aécio (PSDB) a presidente.
Não há problema nenhum em entrevistar o Paulinho. Afinal ele é o presidente legítimo de 
uma central sindical  importante. O problema é a repórter de uma TV que é concessão 
pública revelar que tinha instruções claras para entrevistar apenas Paulinho da Força.
Um militante da CUT teria insistido, apresentando: “olha, essa aqui é nossa 
vice-presidenta, a Carmen, você não quer ouvir a CUT?”
A jovem repórter teria respondido: “não, a orientação é ouvir só o Paulinho da Força”.  
A jornalista foi então vaiada e hostilizada pelos manifestantes – que passaram a gritar o
 tradicional “o povo não é 
bobo, fora a Rede Globo”.
“Ela não fez a entrevista. Ficou com medo e correu para uma agencia do Bradesco do
 outro lado da rua”, contou-me um manifestante com quem conversei há pouco.
Os manifestantes registraram a cena da jornalista escondida na agência – como mostram as
 fotos que  o Escrevinhador publica com exclusividade.
Poucos minutos depois, Paulinho chegou e foi dar a entrevista, dentro da agência bancária. 
Manifestantes  ligados à CUT seguiram vaiando e fotografando. Um segurança (da Globo? 
da Força Sindical?) teria se aproximado de uma manifestante que fazia as fotos, e tentado 
tomar o celular das mãos 
dela. Não conseguiu. Aparentemente, a jornalista também não conseguiu gravar com Paulinho
 da Força…

O caso revela algumas coisas

- a Globo (sob comando de Ali Kamel – aquele que adora processar blogueiros) segue
 pretendendo controlar a realidade; se é inevitável cobrir a manifestação, que se dê voz só aos
 amigos da casa e aos nimigos do governo petista; - os jornalistas da Globo já foram mais 
espertos; por que a jovem repórter teve aquele ataque de sinceridade? Podia ter feito 
a entrevista com a dirigente da CUT, 
e a Redação depois se encarregaria de cortar…
Mas jornalistas criados no ar-condicionado, sem  vivência de rua, talvez acreditem que ao 
carregar o microfone da Globo podem qualquer coisa; vão-se distanciando do mundo real,
e acabam surpreendidos quando enfrentam uma situação dessa.
A Marize (que foi chefe da pauta da Globo, tem experiência de sobra) ficou com pena da 
moça. 
Eu também fiquei.
Por outro lado, fiquei feliz porque agora uma história dessa não passa em branco. A Globo
 mente sem parar no JN, JG etc. Mas, pelo menos nesse caso, as fotos e o relato completo 
estão na internet.
A mídia velhaca já não fala sozinha…
Em tempo: o ato das centrais foi um sucesso em São Paulo; reuniu 10 mil pessoas segundo 
a PM, ou 40 mil segundo os manifestantes.
Entre as reivindicações, estão: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais 
sem redução de salário, manutenção da política de valorização do salário mínimo, fim do fator
 previdenciário, redução da taxa básica de juros e correção e progressividade da tabela do 
Imposto de Renda.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Outra vez os canalhas do PIG . VEJA VIOLOU LEI PENAL, QUE VETA “SENSACIONALISMO”.


quinta-feira, 13 de março de 2014

Depois de morto, Gushiken derrota Veja: o caso das falsas contas no exterior.





Postado em 12 Mar 2014
 Era conhecido como Samurai
Era conhecido como Samurai
A Veja não desceu, subitamente, ao abismo jornalístico a que chegou.
Foi um processo, foi uma caminhada em que houve marcos.
Isso me ocorre ao ler, agora, que a Justiça enfim condenou a revista a pagar uma indenização à família de Gushiken.
É uma cifra irrisória perto do tamanho da infâmia, 100 000 reais, mas é melhor isso que os 10 000 reais anteriormente determinados pela Justiça.
Gushiken foi vítima de um dos marcos da transformação da Veja num panfleto canalha: uma reportagem que falava de alegadas contas no exterior de líderes petistas.
Entre os caluniados, estava Gushiken. No texto, a revista admitia que publicara acusações de tamanha gravidade mesmo sem ter conseguido comprová-las.
Mais que uma frase, é uma confissão de má fé assassina.
Que publicação digna mata a reputação de alguém sem comprovar a veracidade de dossiês que vão dar na redação por mãos altamente suspeitas?
No caso, por trás das acusações da revista – sabe-se agora – estava uma das personagens menos confiáveis do Brasil contemporâneo, Daniel Dantas.
Fora transposta uma barreira ali, na marcha da Veja rumo ao horror jornalístico.
Mais ou menos naqueles dias, outro marco no declínio moral da revista fora estabelecido quando foi feita uma enorme resenha para louvar um romance do então redator-chefe Mario Sabino.
Publicações decentes, em casos assim, dão, quando muito, uma nota seca para registrar o lançamento de um livro de um funcionário.
Quanto mais graduado este funcionário, menor o espaço, esta é a lógica, para evitar a desmoralização da publicação perante o público e perante seus próprios jornalistas.
Mas o romance de Sabino – um notório bajulador de patrões segundo o qual o granjeiro Frias foi um gênio do jornalismo — apareceu como algo digno de Proust, ou coisa parecida.
Também ali um marco foi vencido. Uma revista que faz aquele tipo de coisa faz tudo. À luz disso você entende como colunistas como Mainardi e Reinaldo Azevedo foram ganhando espaço numa revista em cuja época de ouro — os anos 1980 — eles seriam vistos como uma abominação.
Minha interpretação para o processo de degeneração ética da Veja junta um patrão que não aceitava a decadência da revista com o advento da internet e editores fracos que não souberam mostrar a ele os limites da abjeção.
Roberto Civita jamais de livrou dos efeitos da queda de Collor. Mesmo com técnicas jornalísticas altamente discutíveis – tanto que Collor foi absolvido de todas as acusações pelo STF – o impeachment deu uma aura de poder superior à Veja e a Civita.
Os anos passaram, e a magia ficou para trás. Caso Lula fosse derrubado pela Veja, o prestígio perdido seria recuperado. Provavelmente foi isso que levou Roberto Civita a fazer da Veja o que ela é hoje.
Para tanto, ele contou com editores fracos, sobretudo Eurípides Alcântara. Um bom editor teria mostrado a Roberto Civita que a imagem da revista seria destruída com aquele tipo de jornalismo.
“Estou protegendo você de você mesmo”, em algum momento o editor diria. Mas quem conhece Eurípides sabe que um comportamento altivo diante do patrão está acima de suas possibilidades.
Fomos colegas de redação na Veja no começo da década de 1980. Uma jornalista que era chefiada por ele me contou um pequeno episódio que não é grande senão por revelar a personalidade de Eurípides.
Elio Gaspari, diretor adjunto, chamara a repórter e Eurípides para reclamar de um texto que chegara às mãos dele.
Elio falou de uma coisa que Eurípides tinha feito. Imediatamente, como me contou na época a jornalista, ele pisou no pé dela para que ela ficasse calada e não dissesse que o erro era de Eurípides.
Gushiken acabou sendo vítima do afrouxamento moral da revista. Mais importante que a cifra em si é uma frase usada na sentença: “falácia de doer na retina”.
Não foi o único triunfo póstumo de Gushiken. Também o editor da seção Radar, Lauro Jardim, foi condenado a 10 000 reais de indenização por uma nota na qual afirmava que Gushiken pagara com dinheiro público uma conta de cerca de 3 000 reais num restaurante.
Lauro é um caso clássico do que a Veja faz com as pessoas que trabalham lá. Contratei-o, em meados dos anos 1990, para ser editor da Exame no Rio de Janeiro.
Nunca imaginei que Lauro acabaria fazendo parte de um jornalismo tão sujo quanto este da Veja. Era um bom rapaz, e foi absolutamente corrompido por um ambiente tóxico e amoral.
Carregará para sempre o anátema de ser um dos principais homens desta Veja que está aí.
Quanto a Gushiken, não viveu para ver as reparações judiciais.
A imagem com que passará para a história é a de um homem íntegro que lutou por um Brasil melhor, e foi por isso perseguido.
Quanto à Veja, a posteridade conferirá a ela o título de publicação mais canalha da história da mídia brasileira.