Clipping FETEC-CUT/SP - 30/03/2011
O Estado de S.Paulo
Corte emperra Minha Casa, Minha Vida
Autor(es): Naiana Oscar
O Estado de S. Paulo - 30/03/2011
Por falta de recursos orçamentários, nenhum projeto para famílias que recebem até três salários mínimos foi assinado com a Caixa este ano
Uma das bandeiras de campanha da presidente Dilma Rousseff, o programa Minha Casa, Minha Vida está parcialmente estagnado desde o início do ano. Até agora, nenhum projeto para famílias que recebem até três salários mínimos (nível mais econômico do programa) foi assinado com a Caixa Econômica Federal - um reflexo direto do contingenciamento de gastos do governo.
"O primeiro e mais importante motivo é um só: faltou dinheiro", diz Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). "No ano passado, os contratos de zero a três salários superaram a meta e isso absorveu boa parte da verba para o primeiro semestre." A primeira etapa previa a contratação de 400 mil apartamentos nesse segmento e acabou fechando o ano com 495 mil.
A segunda fase do Minha Casa, Minha Vida - anunciada no ano passado, com a primeira ainda em curso - tem a meta de erguer 2 milhões de unidades até 2014 - das quais 60% para famílias que ganham até três mínimos. Em janeiro, foram definidas as novas regras de financiamento para a faixa de três a dez salários.
O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) decidiu elevar de R$ 130 mil para R$ 170 mil o valor máximo do imóvel que pode ser financiado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio e Distrito Federal. O limite estava congelado há três anos e seu aumento era reivindicado pela indústria da construção civil.
As definições do programa para a faixa de zero a três salários também começaram a ser discutidas no início do ano passado, mas não foram anunciadas. "Essa é a parcela que mais pressiona o orçamento e, por isso, está demorando mais para ser regulamentada", diz Eduardo Zaidan, diretor de economia do Sindicato da Construção Civil em São Paulo. A expectativa do setor é que a nomeação de Jorge Hereda, que ontem tomou posse na presidência da Caixa, acelere a retomada do programa. Ex-vice-presidente de Governo da instituição, Hereda já era o responsável pelo Minha Casa.
Parlamentares criticam juízes após desafio ao Congresso
Autor(es): Denise Madueño
O Estado de S. Paulo - 30/03/2011
Uma semana após Supremo adiar aplicação da Ficha Limpa para 2012 e propor análise de projetos votados pelo Legislativo, parlamentares criticam magistrados por forçarem aprovação de lei que elevaria salário de ministro do STF para R$ 30.675
Em tom às vezes duro, às vezes com desdém, parlamentares consideraram fora de propósito a tentativa de juízes aumentarem os próprios salários à revelia do Congresso, através de ação no Supremo Tribunal Federal (STF). A polêmica é o mais novo capítulo das rusgas entre Legislativo e Judiciário, evidenciadas após a decisão do STF em relação à Lei da Ficha Limpa, na semana passada.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), reagiu ontem contra a iniciativa dos juízes, que alegam que, diante da omissão do Legislativo em não aprovar o reajuste dos vencimentos da magistratura, o Supremo poderia tomar essa iniciativa.
Maia aproveitou para criticar outra proposta do Judiciário - feita pelo presidente do STF, Cezar Peluso - de instituir um controle de constitucionalidade para projetos aprovados pelo Congresso encaminhados para sanção presidencial. "Temos na Câmara uma Comissão de Constituição e Justiça que tem responsabilidade de discutir constitucionalidade dos projetos e fazemos (isso) com zelo e transparência. Não me parece necessário consulta prévia", disse Maia.
Críticas. Líderes de bancada seguiram a posição do petista. Na semana passada, parlamentares já haviam criticado a proposta de Peluso. Ontem, atacaram a iniciativa da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), que espera que o Supremo determine o reajuste da magistratura.
"É descabido e não tem nenhuma consequência que possa ser levada a sério", reagiu o líder do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). O deputado afirmou que o reajuste é prerrogativa do Congresso prevista na Constituição. "O Supremo tem de ser o guardião da Constituição e não pode ser o pai da inconstitucionalidade."
O mesmo raciocínio foi usado pelo presidente da CCJ do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). "Não cabe fazer nenhum tipo de comentário. A Constituição é clara em relação às prerrogativas de cada Poder", afirmou.
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), também foi sucinto: "O foro constitucional para dar cumprimento a essa questão é o Congresso. Não tenho dúvida de que os juízes, zeladores da Constituição, vão concordar com a minha opinião."
Enviado em agosto à Câmara, o projeto do Supremo de aumento salarial não tem data para entrar em votação. O projeto eleva de R$ 26.723 para R$ 30.675 os subsídios dos ministros do STF e tem efeito cascata. Segundo a própria Corte, o impacto no âmbito do Supremo seria de R$ 2,022 milhões e de R$ 446,764 milhões no Poder Judiciário da União.
Atalho. Sem ver o projeto aprovado no tempo desejado, a Ajufe tentou criar um atalho. A entidade e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) enviaram à secretaria da Mesa uma nota técnica defendendo que a proposta dispensava votação no plenário - bastaria o aval das comissões permanentes. Não deu certo: a Câmara manteve a necessidade de votação em plenário.
Rota de colisão
MARCO MAIA (PT-RS)
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
"Temos uma Comissão de Constituição e Justiça que tem responsabilidade de discutir constitucionalidade dos projetos e fazemos (isso) com zelo e transparência. Não me parece necessário uma consulta prévia"
ACM NETO (DEM-BA)
LÍDER DO DEM NA CÂMARA
"É descabido e não tem nenhuma consequência que possa ser levada a sério. Não existe isso. O Supremo
tem de ser o guardião da Constituição e não pode ser o pai da inconstitucionalidade"
Orçamento
R$ 26.723
reais é o salário mensal dos ministros do Supremo
R$ 30.675
reais é o valor proposto pelo Judiciário para o novo subsídio
R$ 2,02 mi
é a previsão de aumento no âmbito do Supremo
R$ 446,76 mi
é o impacto previsto no Poder Judiciário da União
Folha de S.Paulo
Desemprego no país se mantém estável em 10,5%, diz Seade/Dieese
MAÍRA TEIXEIRA
DE SÃO PAULO
A taxa de desemprego no país se apresentou estável em fevereiro, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em sete regiões metropolitanas e divulgada nesta quarta-feira. O índice ficou em 10,5%, ante taxa de 10,4% registrada em janeiro.
O índice em São Paulo também ficou estável no mês passado, passando de 10,5% em janeiro para 10,6% em fevereiro.
Em Porto Alegre, a taxa se manteve estável em 7,3%. Em Recife, variou de 13,5% para 13,9%. Em Salvador, passou de 13,6% para 14,3%.
Em Belo Horizonte e Fortaleza, as taxas variaram de 7,7% para 7,8% e de 8,5% para 8,6%, respectivamente. No Distrito Federal, a taxa passou de 12,6% para 12,7%.
O contingente de desempregados nos sete locais analisados foi estimado em 2,318 milhões de pessoas em fevereiro, 27 mil a mais do que o estimado em janeiro. Esse número é resultante do fechamento de 123 mil ocupações, aliado à saída de 96 mil pessoas do mercado de trabalho.
Nesse mesmo comparativo, o nível de ocupação, na média nacional, teve queda de 0,6%. O total de ocupados nas sete regiões pesquisadas foi estimado em 21,980 milhões de pessoas, para uma PEA (População Economicamente Ativa) de 22,076 milhões.
Na divisão por atividade, o nível de ocupação cresceu em apenas um dos cinco setores: outros (serviços domésticos e outros ramos de atividade), com a abertura de 26 mil vagas.
No setor de serviços, foram fechadas 68 mil vagas, seguido pelo comércio, com 65 mil, e indústria, com menos 8.000 postos de trabalho, quantidade igual à registrada na construção civil (8.000).
RENDIMENTO
O rendimento médio real dos ocupados caiu 1,7% no país em fevereiro, chegando a R$ 1.382. Já o dos assalariados ficou em R$ 1.440, apresentando redução de 0,1%.
Na análise por região metropolitana, o rendimento médio dos ocupados caiu em 2,6% dos sete locais. Porto Alegre registrou o maior aumento percentual com os trabalhadores, passando a ganhar, na média, 1,4% a mais, chegando a R$ 1.393.
Salvador apresentou decréscimo de 2,1%, para R$ 1.089. No Distrito Federal, a queda foi de 0,8%, para R$ 2.098.
Em Belo Horizonte, houve leve redução, de 0,2%, para R$ 1.361.
A remuneração média dos ocupados no Recife também caiu, em 0,6%, para R$ 938.
Em São Paulo, o valor também teve redução de 2,8%, para R$ 1.505.
Valor Econômico
Bancos mais competitivos na captação externa
Competição maior e volume recorde
Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo
Valor Econômico - 30/03/2011
O Brasil aumentou em 53,5% a captação de recursos externos no ano passado, chegando ao recorde de US$ 62,8 bilhões. No cenário de ampla liquidez externa que foi direcionada para o país, os bancos que lideraram as operações de captação internacional em 2009 - HSBC, Santander e J.P. Morgan - repetiram a performance em 2010 e mantiveram-se à frente no "Ranking Valor de Captações Externas".
Mas a competição aumentou entre os bancos e a diferença entre eles fi-cou mais apertada. A movimentação no ranking foi maior da quarta po- sição para baixo. A começar pelo Deutsche Bank, que teve crescimen- to de mais de 200%, encostou no terceiro colocado e desbancou o Citi, que caiu da quarta para a 12ª posi-ção. O quinto colocado, o BNP Paribas, surpreendeu por ter sido a institui- ção financeira que mais cresceu, em valores, nos empréstimos e títulos liderados.
As eleições presidenciais não atrapalharam em nada e o Brasil captou US$ 62,827 bilhões no mercado externo em 2010, recorde histórico absoluto e aumento de 53,58% na comparação com 2009. No cenário de ampla liquidez externa que foi direcionada para o país, bancos vencedores na crise financeira de 2008 conseguiram destaque e mantiveram-se na frente do "Ranking Valor de Captações Externas", que completa hoje dez anos de existência.
Os três primeiros colocados em 2009 - HSBC, Santander e J.P. Morgan, nessa ordem - mantiveram suas posições em 2010. Mas a competição cresceu, e muito, e a diferença entre um banco e outro ficou mais apertada.
Ao liderar US$ 19,5 bilhões em empréstimos sindicalizados (com a participação de vários bancos) e títulos de dívida no exterior em 2010, o HSBC conseguiu o título de bicampeão: foi o primeiro colocado pela segunda vez consecutiva. Um dos maiores bancos britânicos em valor de mercado, que não precisou recorrer à ajuda do governo de seu país para sobreviver em meio à crise, o HSBC foi líder também em importantes sub-rankings. Foi o primeiro em "Bônus", que exclui os empréstimos, e em "Número de operações", ao liderar 33 transações, mais do que o dobro em relação às 15 realizadas em 2009. Ganhou também o sub-ranking de "Bônus corporativo", que exclui República e empréstimos externos.
O Santander segurou sua segunda posição pelo terceiro ano consecutivo, ao liderar operações de US$ 18,13 bilhões. Conseguiu também a primeira colocação nos sub-rankings de "Bônus corporativo do setor não financeiro" e "Empréstimos do setor não financeiro", que são os bônus e empréstimos para empresas não financeiras. Foi o primeiro ainda em "Empréstimos do setor privado". O J.P. Morgan teve destaque, ao liderar US$ 14,339 bilhões em captações externas, mantendo a terceira colocação.
A movimentação maior no ranking, na verdade, aconteceu da quarta posição para baixo. O Deutsche Bank teve crescimento surpreendente e encostou no terceiro colocado, ao liderar um total de US$ 14,15 bilhões, diferença de menos de US$ 200 milhões em relação ao J.P. Morgan. O crescimento foi de mais de 200% na comparação com os US$ 4,32 bilhões de 2009, quando o Deutsche ficou com a décima colocação. O alemão desbancou o americano Citi, que caiu da quarta para a décima segunda posição.
Além do crescimento surpreendente, o Deutsche liderou os sub-rankings de "Bônus corporativo do setor público", que exclui transações da República e de empresas e bancos privados, "Bônus corporativo do setor financeiro", que exclui o governo federal e empresas não financeiras, e "Bônus em outras moedas que não o dólar", como papéis no exterior denominados em reais, euros, ou até mesmo em francos suíços, o primeiro da história do Brasil, feito pelo Banco Votorantim.
O quinto colocado BNP Paribas também surpreendeu pelo aumento no volume liderado de transações de captação externa de dívida. O francês foi a instituição financeira que mais cresceu em valores dos empréstimos e títulos liderados, que passaram de US$ 3,851 bilhões em 2009 para US$ 13,892 bilhões em 2010, um aumento de mais de US$ 10 bilhões. Além disso, o BNP saiu na frente no importante sub-ranking de "Empréstimos", que exclui os bônus, ao conseguir o mandato sozinho para distribuir transações de grande porte como da Embraer, de US$ 1 bilhão, e do Banco Votorantim, de US$ 350 milhões. Mas foi o empréstimo de € 4,324 bilhões para a República para construção de submarinos, com a garantia da Coface, fechado em 2009, com desembolso no início de 2010, que puxou o banco mais para cima no ranking, passando da décima primeira posição para a quinta. O "Ranking Valor de Captações Externas" inclui um empréstimo nos seus dados na data de seu primeiro desembolso.
O grupo Itaú, o sexto colocado no ranking de 2010, merece especial atenção. O banco voltou à primeira colocação como líder no sub-ranking de "Captações por líder nacional" e conseguiu a sexta colocação no ranking geral. Liderou US$ 13,765 bilhões, um aumento de quase 200% na comparação com os US$ 4,62 bilhões de 2009. O mais inusitado, no entanto, foi a importância que o Itaú conquistou no mercado de títulos de dívida: esteve à frente de um volume de emissão de eurobônus que nenhuma instituição nacional jamais conseguiu, ficando à frente de um total de US$ 10,987 bilhões, aumento de quase 150% na comparação com os US$ 4,5 bilhões de 2009.
Com a crise de 2008, os bancos nacionais passaram a assumir posições mais relevantes no mercado de captações externas. Seus custos de captação mais baixos do que muitos bancos estrangeiros tornaram os brasileiros competitivos em linhas em dólar. Mas, participação tão relevante no mercado de eurobônus, que exige real capacidade de distribuição junto ao investidor fora do país, é bem mais raro.
O americano Bank of America Merrill Lynch também teve aumento expressivo no total liderado, passando de US$ 5,95 bilhões para US$ 13,085 bilhões, alta de 120%, o que lhe garantiu a manutenção na sétima posição, apesar do aumento da competição. O britânico Standard Chartered, décimo sexto colocado no ranking geral, obteve a primeira posição no sub-ranking "Empréstimos do setor público", que exclui República e empresas e bancos privados. O espanhol BBVA, por sua vez, foi o banco que mais galgou degraus, passando da trigésima segunda posição para a décima sétima, subindo quinze colocações. O BTG Pactual também subiu bastante no ranking geral, passando da trigésima para a décima oitava posição.
Entre os tomadores de dívida, os destaques foram o Grupo Votorantim - considerando-se também o banco -, que foi o líder em captações durante 2010. O segundo lugar ficou para as Organizações Odebrecht, incluída a Braskem. Se forem excluídas as empresas financeiras, o grupo Odebrecht foi o que mais realizou captações no mercado internacional em 2010, com transações emblemáticas, como o primeiro "project bond" puro lançado por uma empresa brasileira, no qual o fluxo de pagamento dos bônus vem apenas do próprio projeto. Os maiores emissores/tomadores de dívida - incluída a terceira colocada, a Fibria, que levantou mais de US$ 3 bilhões - realizaram, principalmente, gerenciamento de passivos: buscaram o mercado externo para melhorar o perfil de sua dívida e diversificar fontes de financiamento.
Os bancos captaram volumes recordes no exterior, na procura de recursos de longo prazo para ampliar o crédito no mercado interno, que cresceu 20%. Entre as empresas financeiras, o Itaú foi o banco que mais captou no mercado internacional.
Os investidores externos quiseram pegar carona no crescimento do Brasil, de 7,5% em 2010, bem superior ao dos países ricos, e compraram até mesmo papéis perpétuos, sem vencimento final.
IOF DE 6% VAI IMPACTAR CRÉDITO
Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo
Valor Econômico - 30/03/2011
Com dinheiro farto e barato no exterior, as empresas brasileiras resolveram usar crédito de fora para financiar operações corriqueiras, como capital de giro, ou para dar crédito a seus fornecedores. Os bancos captaram recursos a baixo custo para emprestar em suas linhas mais caras. Com isso, o excesso de liquidez externa deu um incentivo adicional ao crédito interno - que dificulta o combate à inflação -, o endividamento de curto prazo em dólar disparou e o ingresso abundante de divisas pressionou o dólar para baixo. A resposta do governo veio ontem na forma do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% em captações externas de até 360 dias, como antecipou o Valor.
O encarecimento do crédito externo pretende conter a excessiva apreciação do real e representa mais um torniquete na política de controle da inflação, na avaliação do governo. Ele vai provocar redução no crédito em reais para empresas e até para pessoas físicas, segundo especialistas, mas seu impacto sobre o câmbio não deve ser significativo.
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre captações externas de até 360 dias vai provocar redução no crédito em reais para empresas e até para pessoas físicas, segundo especialistas de tesouraria de grandes bancos. O impacto sobre as cotações do dólar, no entanto, é pequeno.
As empresas vinham captando recursos de até um ano no mercado externo e usando esses recursos para capital de giro com custos mais atrativos do que no mercado interno, considerando-se impostos. Com o dinheiro, financiavam fornecedores e clientes. Os bancos, por sua vez, destinavam os recursos dessas captações ao crédito para empresas e até para pessoas físicas. Adicionalmente, como não pagam Imposto de Renda em aplicações de renda fixa, os bancos vinham aplicando o dinheiro das captações externas para ganhar com a diferença entre os juros baixos no exterior e altos no Brasil.
Banco e empresas vinham tomando linhas com prazo superior a 90 dias - já existia IOF de 5,38% nas captações de prazo inferior. Os juros em dólar no mercado externo para esse prazo é de 1% para as empresas de primeira linha, enquanto os juros em dólar no mercado interno (cupom cambial) é de 3%. Assim, mesmo depois de fazer o hedge da captação externa, a empresa acabava com um custo de 104% a 110% do CDI, incluindo o IR de 15% sobre os juros remetidos. Nas linhas em reais, só o IOF de 1,88% representa 16% do CDI.
Com o IOF de 6%, as captações mais curtas serão inibidas. Para prazos superiores a um ano, as linhas externas disponíveis são mais escassas e caras - custam 2% ou mais ao ano, diferença menor em relação ao cupom de 3%.
O Globo
Alckmin quer Serra na prefeitura de SP
Autor(es): agencia o globo: Gerson Camarotti
O Globo - 30/03/2011
Governador defende candidatura do tucano; serrista diz que a chance é "zero"
BRASÍLIA. O governador tucano Geraldo Alckmin (SP) defendeu com ênfase, ontem, a candidatura do ex-governador José Serra à prefeitura de São Paulo em 2012. Cresce no PSDB a avaliação de que o nome de Serra é o único capaz de aglutinar os aliados no próximo ano e neutralizar o atual prefeito paulistano, Gilberto Kassab, que deixou o DEM para fundar um novo partido, o PSD, rumo à base do governo Dilma Rousseff.
- O Serra é o candidato mais expressivo. Dos nomes do nosso grupo, é o melhor. Sem dúvida - disse Alckmin, após participar da sessão do Senado em homenagem aos dez anos da morte de Mário Covas.
Questionado sobre a resistência de José Serra a sair candidato a prefeito em 2012, ele ficou em silêncio. Alckmin também foi perguntado sobre a decisão de Kassab de deixar um partido de oposição para aderir à base do governo Dilma. Diante da saia justa, o governador tucano foi irônico em relação ao comportamento de Kassab e às consequências para a oposição.
- Lembro-me de Santo Antônio de Pádua: quando não puder falar bem, não diga nada - disse Alckmin.
Serra não comenta declarações do governador
Serra e Alckmin saíram juntos do Planalto, mas o ex-governador paulista não quis comentar as declarações de seu sucessor- que pegaram de surpresa o grupo de Serra no Congresso. E também desagradaram. Um integrante do grupo serrista chegou a classificar de "zero" a chance de Serra disputar a eleição municipal de 2012.
Esse interlocutor lembrou que durante essa eventual campanha Serra seria insistentemente cobrado por ter deixado o mandato da prefeitura pela metade, em 2006, quando saiu para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Mas o pior mesmo é que o ex-governador ficaria imobilizado na prefeitura, sem chance de disputar a sucessão presidencial de 2014.
Diante dos atritos entre o grupo de Serra e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) pelo comando do partido, Alckmin também defendeu a criação de um colegiado para definir os rumos na legenda. O atual presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), irá disputar a reeleição em maio. Mas Serra deu demonstrações internas de que gostaria de ser o presidente do PSDB. Diante do impasse, cresce a articulação para se criar esse colegiado.
- Seria um colegiado para discutirmos os grandes temas do país. Pode ter um colegiado no diretório nacional. É um processo que está caminhando, que está indo bem. Pode ser por um rodízio ou colegiado. Temos errado no culto ao personalismo - disse Alckmin.
Colegiado teria FH, Serra, Aécio e Alckmin
Um colegiado paralelo à presidência do PSDB seria formado por nomes como Fernando Henrique, Aécio Neves, Serra e o próprio Alckmin. Seria uma forma de tentar a unidade partidária.
- Temos que ter decisões colegiadas e menos personalistas - reforçou Alckmin.
Crédito volta a crescer, apesar de aperto do BC
Autor(es): agencia o globo: Geralda Doca
O Globo - 30/03/2011
Ações não impedem avanço de 21% nos empréstimos acumulados em 12 meses até fevereiro, mas banco prevê redução
BRASÍLIA. Os efeitos das medidas restritivas a financiamentos de longo prazo adotadas em dezembro pelo Banco Central (BC) se esgotaram em janeiro. Em fevereiro, o mercado de crédito voltou a aquecer, embora a um custo maior para os tomadores. O volume de empréstimos subiu 1,3% sobre janeiro, com média de novas concessões 3,2% maior, acumulando alta de 21% em 12 meses - muito acima do limite de 15% fixado na semana passada pelo BC para evitar a escalada da inflação.
Os dados parciais de março (até o dia 17, com 11 dias úteis) revelam a persistência da expansão do crédito, com alta de 0,6% em termos de estoque e de 4,5% considerando a média diária das concessões. O aumento veio acompanhado de elevação de 1,5 ponto percentual na taxa de juros.
- Os dados do BC mostram que há uma inércia e sinalizam novas medidas de restrição ao crédito - disse o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas.
Projeção do Banco Central é revisada para baixo
Ainda assim, confiando em novas ações de restrição, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre captações externas, e na redução dos empréstimos do Tesouro Nacional ao BNDES, que deverá amortecer de 23% para 19% o crescimento do financiamento com recursos direcionados, o BC revisou para baixo a projeção de expansão geral do crédito na economia em 2011, de 15% para 13%.
A estimativa para a participação do total de financiamentos na economia também caiu, de 50% para 48% do Produto Interno Bruto (PIB).
- Há um esforço de contenção do crédito, e isso está repercutindo nas nossas estimativas - explicou o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Ele argumentou que os dados de fevereiro estão influenciados por fatores sazonais, como a retomada da produção depois da acomodação natural pós-festas de fim de ano, e pela base fraca de comparação, pois janeiro foi o mês de maior impacto das medidas de restrição ao crédito adotadas em dezembro. Para Maciel, se os números forem comparados aos registrados em novembro, há uma queda acentuada nas concessões de empréstimos, de 8,9%.
- A leitura do mercado de crédito diz que está havendo uma acomodação. O volume cresce num ritmo menor em relação ao observado no ano passado - afirmou Maciel.
- A concessão de crédito para as pessoas físicas ficou estável em 22% em fevereiro (expansão em 12 meses), enquanto o rendimento caiu 6,4%, pelo IBGE. Isso mostra que as famílias querem manter o padrão de vida, recorrendo aos financiamentos bancários, ainda que com juros maiores. Se os bancos não pisarem no freio, o BC tomará novas medidas - rebateu Thadeu de Freitas.
A taxa média de juros subiu para 38,1% ao ano em fevereiro - alta de 0,7 ponto percentual em relação à taxa de janeiro e de 3,7 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado. Para as famílias, a taxa permaneceu estável em 43,8%, mas, para as pessoas jurídicas, subiu 1,4 ponto percentual, para 30,7%. O spread (diferença entre o custo da captação e a taxa cobrada pelo banco na ponta) ficou em 26,1 pontos. Para as empresas, atingiu 19,2 pontos - o maior patamar da série do BC, iniciada em 2000.
Aposta em novas tentativas para conter o consumo
Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, os consumidores podem esperar novos arrochos, já que as medidas adotadas pelo BC ainda não surtiram o efeito desejado. Segundo ele, tudo vai depender da forma como a instituição mira a inflação.
- Se desejar trazer a inflação para o centro da meta (4,5%) a curto prazo, no início do segundo semestre, novas medidas de restrição ao consumo poderão ser anunciadas em breve - destacou Oliveira.
Entre estas, elevações no IOF para os financiamentos em geral, novas altas nos compulsórios, uma puxada maior na Taxa Selic, além de exigência de mais capital por parte dos bancos em determinadas modalidades de crédito.
Em fevereiro, a inadimplência das operações de crédito subiu para 4,1% - alta já esperada pelo BC em função da elevação dos juros e do encurtamento nos prazos de financiamento. Mas, para o BC, o risco de calote é pequeno, dado o ambiente favorável da economia, com crescimento do emprego e da renda.
Rede Brasil Atual
Lula promete retomar "agenda mais forte" no fim de abril
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete retomar a atuação política no Brasil na segunda quinzena de abril. Em entrevista à BBC Brasil e ao jornal Valor Econômico, em Portugal, onde vai receber um título honoris causa na Universidade de Coimbra, Lula explicou ainda por que não compareceu ao jantar promovido no Itamaraty ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, além de defender a investigação de violações de direitos humanos no Irã.
"A partir da segunda quinzena de abril eu vou fazer uma agenda mais forte dentro do Brasil", prometeu. "Quero ajudar a fortalecer o PT, quero ajudar a fortalecer o movimento social, quero manter contato com o movimento sindical. Vou voltar à porta de fábrica em São Bernardo do Campo, porque eu apenas deixei de ser presidente da República, mas eu jamais serei um ex-militante político, um ex-militante sindical, um ex-militante social. Está na minha vida fazer isso e eu vou continuar fazendo porque é uma coisa que eu gosto e que eu preciso", frisou.
Lula voltou a dizer que não há divergências dele com Dilma Rousseff. "Não há hipótese de haver divergência. Porque quando houver divergência, ela está certa", brincou. A ausência de Lula no jantar com Obama foi justificada como uma forma de não competir com Dilma. Os ex-presidentes José Sarney (PMDB-AP) – também presidente do Senado –, Itamar Franco (PPS-MG), Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e Fernando Henrique Cardoso aceitaram os convites do Ministério das Relações Exteriores.
"Fazia apenas dois meses e meio que eu tinha deixado a Presidência. Eu acho importante que o Fernando Henrique Cardoso tenha ido, que o Collor tenha ido, que o Itamar tenha ido, que tenha ido o Sarney como presidente do Senado. Agora eu (...) não poderia voltar ao Itamaraty, tinha que deixar passar um tempo. Senão seria eu competindo com a nossa presidenta", resumiu.
Sobre o Irã, Lula disse que é favorável ao envio de um relator da Oragnização das Nações Unidas (ONU) para investigar a condição dos direitos humanos no Irã, conforme aprovou o Conselho de Segurança da entidade. A medida foi entendida como uma mudança de postura do Brasil em relação ao que era praticado durante os dois mandatos de Lula no Palácio do Planalto.
"Eu sou favorável a que tenha um relator", afirmou Lula. Ele ponderou que o relator "não é obrigado a concordar" com as acusações de outros países, em referência aos Estados Unidos, que patrocinaram a investida. Para o ex-presidente, não se pode impedir a investigação de "atrocidades contra os direitos humanos".
Outra alfinetada nos Estados Unidos relacionou-se a pendências na relação com a Casa Branca. Ele citou a expectativa brasileira de obter apoio para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a retomada da Rodada de Doha de negociações sobre liberação comercial e o cumprimento da decisão favorável ao Brasil da Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação aos subsídios do algodão.
Agência Brasil
Morte de Alencar emociona Dilma e Lula, que dedicará título de doutor ao ex-vice-presidente
29/03/2011 - 20h44
Política
Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Muito emocionado ao falar da morte do ex-vice-presidente José Alencar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que dedicará a Alencar o título de doutor honoris causa que receberá amanhã (30) da Universidade de Coimbra, em Portugal. Logo após a homenagem, Lula retornará ao Brasil com Dilma para participar do velório de Alencar, que será realizado em Brasília e em Belo Horizonte. "Vou dedicar o título a ele", afirmou Lula, em declaração feita ao lado de Dilma, que viajou a Portugal para assistir a homenagem ao ex-presidente.
Lula se referiu a Alencar como um irmão e não conseguiu conter o choro."Vocês, que acompanharam o mandato nosso – Dilma como ministra, Alencar como vice – vocês sabem que a nossa relação era mais que uma relação de um vice e de um presidente. Era uma relação de irmãos, de companheiros. Eu tenho falado com ele praticamente toda semana, tenho visitado ele, e o otimismo dele era uma coisa que causava na gente até uma inveja de ver a força que ele tinha", disse Lula, que conversou com o médico do vice-presidente, por telefone, meia hora antes da morte.
O ex-presidente contou que, ao chegar a Coimbra, telefonou para o médico para receber notícias. Segundo Lula, o médico informou que Alencar estava sedado, que a pressão estava a 4 e "tinha pouca chance". O ex-presidente lembrou a participação de Alencar na campanha de Dilma à Presidência. Mesmo debilitado pelo tratamento de câncer, Alencar participou de uma carreata pelas ruas de Belo Horizonte, no segundo turno das eleições. "Eu e Dilma lembramos que ele não tinha mais força e subiu no carro, comigo e com Dilma, e ficamos andando por Belo Horizonte durante quatro horas. Depois ele disse que fez isso porque ele queria vê-la eleita."
Também emocionada, Dilma disse que José Alencar foi uma pessoa que deixará marcas em todos os que conviveram com ele. Logo ao saber da morte, a presidenta telefonou para o filho de Alencar, Josué, e ofereceu o Palácio do Planalto para o velório. "Nós oferecemos o Palácio do Planalto e, na condição de chefe de Estado. Ele também foi um presidente inesquecível de nosso país", afirmou Dilma.
Giro pelos Blogs
O Escrivinhador – Rodirgo Vianna
Movimento de 1964 foi "reação contra baderna", afirmam clubes militares
publicada quarta-feira, 30/03/2011 às 10:09 e atualizada quarta-feira, 30/03/2011 às 10:09
Movimento de 1964 foi "reação contra baderna", afirmam clubes militares
Por Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual
Em nota relativa aos 47 anos do golpe, comandantes dizem que objetivo era evitar regime ditatorial indesejado pela nação
Às vésperas do 47º aniversário do golpe militar brasileiro, os presidentes dos clubes militares (Aeronáutica, Exército e Marinha) divulgaram nota na qual reafirmam que o objetivo daquele movimento foi impedir "a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial" indesejado pela nação. Regime, a saber, "comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro".
Os militares contestam a tentativa de se dar outras explicações para a motivação do movimento que, segundo eles, visava a defender a democracia. "Por maiores que sejam alguns esforços para 'criar' uma versão diferente da real, os acontecimentos registrados na memória dos cidadãos de bem e transmitidos aos seus sucessores são indeléveis, até porque são mera repetição de acontecimentos similares registrados em outros países", diz o documento.
Datado de 24 de março, uma semana antes do aniversário do golpe – em 31 de março, segundo os militares, ou 1º de abril – o manifesto é assinado pelos presidentes do Clube Militar, general Renato César Tibau da Costa, do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral, e do Clube de Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Batista. Ainda segundo eles, a imprensa "escrita e falada" da época foi implacável no relato dos fatos, "todos inadmissíveis em um país democraticamente organizado".
A crítica se dirige ao governo e mesmo a líderes militares. "À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais entre as quais Comandantes Militares que procuravam conduzir seus subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia".
No texto, não há referências à Comissão da Verdade defendida pelo atual governo, para analisar o período da ditadura brasileira (1964-1985). No final do ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o Brasil por crimes cometidos pela ditadura na região do Araguaia, nos anos 70.
Vi o Mundo – Luis Carlos Azenha
Palocci, o prestador de serviços gerais
No momento em que o Mercosul completa 20 anos, vale relembrar um encontro de 2005 entre o ministro Palocci, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos John Snow e o presidente Lula, conforme relatado em telegrama da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e vazado pelo WikiLeaks:ID 38483 [conforme publicado pela Folha de S. Paulo]
8/12/2005 14:32
05BRASILIA2146
Embassy Brasilia
CONFIDENTIAL
SIPDIS STATE PASS USTR FOR LEZNY/YANG NSC FOR CRONIN STATE PASS TO FED BOARD OF GOVERNORS FOR ROBITAILLE USDOC FOR 4332/ITA/MAC/WH/OLAC/JANDERSEN/ADRISCOLL/MWAR D USDOC FOR 3134/ITA/USCS/OIO/WH/RD/DDEVITO/DANDERSON/EOL SON TREASURY FOR DAS LEE AND F.PARODI E.O. 12958: DECL: 08/11/2015
TAGS: EFIN, ETRD, ECON, PREL, BR
SUBJECT: SECRETARY SNOW'S AUGUST 1-3 MEETINGS IN BRAZIL – TRADE THEMES
Classified By: Charge d'Affaires Patrick Linehan, reasons 1.5 (b) and ( d)
1. (C) Resumo : Durante seus encontros bilaterais em Brasília e na sessão do Grupo para o Crescimento (GfG) no Rio de Janeiro, o secretário do Tesouro [John] Snow enfatizou a importância da liberalização comercial para aumentar a produtividade e o crescimento econômico. Empresas brasileiras e americanas que participaram do café-da-manhã com o Secretário e o ministro da Fazenda Palocci da mesma forma pediram maior integração comercial e uma reenergização das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (FTAA). Em seu encontro privado e mais tarde com o presidente Lula, Palocci enfatizou a importância que ele coloca no aumento do comércio como motor do crescimento. De fato, no encontro com Lula, Palocci se ofereceu para encabeçar um esforço para dar novo impulso às negociações comerciais, particularmente na área dos serviços financeiros, num aparente esforço para incentivar o Ministério das Relações Exteriores a assumir uma posição pró-ativa nas negociações. Lula se opôs. Fim do resumo.
2. (U) Background: O Secretário do Tesouro Snow visitou o Brasil entre 31 de julho e 3 de agosto de 2005, para participar da quarta sessão bilateral do Grupo para o Crescimento, uma consequência da cúpula de 2003 entre os presidentes Bush e Lula. O Secretário Snow teve encontros bilaterais em 1 de agosto com o presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda Palocci e o presidente Lula, além de um encontro com investidores brasileiros.
No Rio de Janeiro, em 2 de agosto, o Secretário participou de encontros do Grupo para o Crescimento (inclusive em um café-da-manhã de negócios), fez um discurso patrocinado pelo Conselho Brasileiro para Relações Exteriores (CEBRI) e fez uma mesa redonda com representantes do setor de serviços financeiros.
Em 3 de agosto, em Vitória, capital do estado brasileiro do Espírito Santo, o Secretário enfatizou os temas dos investimentos privados em infraestrutura SIPDIS e falou sobre a importância da boa governança em visita ao porto de Tubarão e em almoço de trabalho com o governador Hartung e empresários locais. O Secretário concluiu sua estada em Vitória com uma visita a uma favela (bairro pobre) do SIPDIS que se beneficiou de um projeto de serviços básicos financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (IDB), que tinha o objetivo de oferecer água corrente, ligações de esgoto e pavimentação de ruas. Este telegrama cuida das discussões relacionadas ao comércio; questões macroeconômicas e financeiras serão reportadas separadamente.
Business Wants Trade Liberalization
3. (SBU) Representantes empresariais destacaram a urgência de foco renovado em negociações comerciais durante o café-da-manhã do GfG em 2 de agosto, que teve a presença do Secretário [do Tesouro] e de Palocci. Benny Parnes (um ex-diretor do Banco Central) do Banco BMG destacou a necessidade de maior integração comercial entre os Estados Unidos e o Brasil, especificamente notando as vantagens que o México obteve no NAFTA. Roger Agnelli da gigantesca mineradora CVRD observou que o Brasil e os Estados Unidos tem economias complementares que ganhariam substancialmente com a integração. Nelio Weiss da Price Waterhouse Coopers acrescentou que muitos clientes brasileiros tinham começado a investir na América Central com o objetivo de conseguir maior acesso ao mercado dos Estados Unidos sob o recentemente aprovado CAFTA.
Secretary Snow/Minister Palocci SIPDIS
4. (C) Durante o encontro bilateral de 1 de agosto, o secretário notou a importância da liberalização do comércio para promover o crescimento. Ele declarou que a recente aprovação legislativa do CAFTA demonstrava que o governo dos Estados Unidos ainda tinha a força política necessária para manter a política de livre comércio. O USG quer, disse o secretário, usar aquele impulso tanto para as negociações de FTAA [Free Trade Area of the Americas, ou ALCA] quanto para a rodada Doha da Organização Mundial de Comércio. Com respeito a esta última, ele expressou decepção quanto à resposta limitada aos pedidos de liberalização do comércio na área dos serviços financeiros.
5. (C) Palocci atestou que as condições eram favoráveis à renovada liberalização nos contextos da Organização Mundial de Comércio e do FTAA. O presidente Lula, disse Palocci, tinha uma visão aberta quanto ao comércio e a visita do secretário [a Lula] poderia ajudar a renovar o impulso. O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Roberto Abdenur (que participou da maior parte dos encontros do secretário) reafirmou a (antiga) posição do governo brasileiro de que está pronto para as negociações de acesso comercial do quatro mais um (Mercosul-Estados Unidos), dada a falta atual de progresso no FTAA.
Snow/Lula
6. (C) Durante o encontro do secretário com o presidente Lula, Palocci reportou sobre a substância dos encontros anteriores. Palocci argumentou novamente que as condições estavam dadas para a retomada da agenda comercial e se ofereceu para liderar um esforço interagência do governo do Brasil para reconstruir o momentum para as negociações comerciais, particularmente em serviços financeiros. Lula não respondeu especificamente à proposta de Palocci.
7. (C) Comment: O pedido de Palocci por um mandato presidencial para fazer avançar a agenda do comércio, que continua sob domínio exclusivo do ministério das Relações Exteriores, foi provavelmente motivada por um desejo de aumentar o crescimento da economia. Com a agenda da reforma microeconômica paralisada no Congresso obcecado por escândalos, incentivar a liberalização comercial é uma das poucos opções de reforma econômica que restam a Palocci. Que Lula não tenha atendido [Palocci] demonstra a posição entrincheirada do Itamaraty e a própria distração de Lula com os escândalos de corrupção.
8. (U) This cable was cleared by Treasury. LINEHA
PS do Viomundo: Ah, esses gringos. Se Lula retomasse as negociações comerciais que visavam a ALCA em 2005 alguém acredita que ele seria reeleito em 2006?
Para saber como os tucanos rastejam diante do sub-do-sub, clique aqui.
Blog da Cidadania – Eduardo Guimarães
Bolsonaro e clubes militares são faces da mesma moeda
A nota em questão foi mais uma da série de atos iguais que esbofeteiam a nação periodicamente ao exaltarem o regime criminoso que afundou o país, matou, torturou e roubou desbragadamente sem que ninguém pudesse dizer uma vírgula. Leiam essa peça patética, abaixo, que, em seguida, sigo comentando:
Há quarenta e sete anos, nesta data, respondendo aos reclamos da opinião pública nacional, as Forças Armadas Brasileiras insurgiram-se contra um estado de coisas patrocinado e incentivado pelo Governo, no qual se identificava o inequívoco propósito de estabelecer no País um regime ditatorial comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro.
À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais entre as quais Comandantes Militares que procuravam conduzir seus subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia.
A história, registrada na imprensa escrita e falada da época, é implacável em relatar os fatos, todos inadmissíveis em um País democraticamente organizado, regido por Leis e entregue a Poderes escolhidos livremente pelo seu povo.
Por maiores que sejam alguns esforços para "criar" uma história diferente da real, os acontecimentos registrados na memória dos cidadãos de bem e transmitidos aos seus sucessores são indeléveis, até porque são mera repetição de acontecimentos similares registrado pela história em outros países.
Relembrá-los, sem ódio ou rancor, é, no mínimo, uma obrigação em honra daqueles que, sem visar qualquer benefício em favor próprio, expuseram suas carreiras militares e até mesmo suas próprias vidas em defesa da democracia que hoje desfrutamos.
Os Clubes Militares, parte integrante da reação demandada pelo povo brasileiro em 1964, homenageiam, nesta data os integrantes das Forças Armadas da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela Nação Brasileira.
Novamente, um ato de insubordinação de militares contra um presidente apesar de que, nas democracias, presidentes são os comandantes-em-chefe das Forças Armadas. Os militares que divulgaram nota exaltando a ditadura militar deveriam ser presos por insubordinação, se a lei fosse cumprida em relação a esses que chantageiam a nação com ameaça de romperem de novo a ordem institucional se forem disciplinados.
A nota dos militares mente desbragadamente. Afirma que o golpe foi dado devido à vontade do povo, o que é uma mentira facilmente identificável porque, se o povo não apoiava mais o governo que elegera – do qual Jango Goulart era o representante –, bastava esperar a eleição seguinte.
A nota ainda diz que Jango pretendia instalar uma ditadura comunista. Outra mentira. Não havia nenhum exército sendo formado para isso. Não havia como enfrentar as Forças Armadas para romper a ordem constitucional. Só havia planos de uma reforma agrária ainda mais tímida do que a de hoje e a legítima ideologia de Jango.
Aliás, surgiu fortuitamente o melhor exemplo de quão energúmenos são esses fantasmas da ditadura que vivem assombrando o país: as declarações racistas, homofóbicas e criminosas que o deputado fascista Jair Bolsonaro, do PP fluminense, proferiu na TV no mesmo dia da nota insubordinada dos clubes militares, usando a imunidade parlamentar para delinqüir.
Entre outras barbaridades, Bolsonaro disse estas:
Que se "pegasse" um filho fumando maconha, o torturaria. E que nem lhe passa pela cabeça a hipótese de ter um filho gay porque deu aos seus filhos "uma boa educação", dizendo-se um pai "presente";
Questionado sobre cotas raciais, disse: "Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista";
Insultou a cantora Preta Gil, filha de Gilberto Gil, quando ela lhe perguntou o que faria se o filho se apaixonasse por uma negra. As palavras de Bolsonaro "Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu".
A conclusão que se tira de tudo isso é a de que oficiais militares acham que podem cometer crime de racismo, insubordinarem-se contra a presidenta da República, enfim, violarem as leis e afrontarem a sociedade sob proteção de ameaças veladas que fazem de nova ruptura institucional. Essa é a leitura que salta aos olhos, nesses episódios.
Bolsonaro e a verborragia espúria desses clubes militares constituem o melhor símbolo do regime criminoso de 1964. Quando militares dizem que estão preocupados com a nova novela do SBT, que versará sobre a ditadura militar, porque a obra os difamaria, deveriam refletir que ninguém consegue difamá-los mais do que eles mesmos.
Há quarenta e sete anos, nesta data, respondendo aos reclamos da opinião pública nacional, as Forças Armadas Brasileiras insurgiram-se contra um estado de coisas patrocinado e incentivado pelo Governo, no qual se identificava o inequívoco propósito de estabelecer no País um regime ditatorial comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro.
À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais entre as quais Comandantes Militares que procuravam conduzir seus subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia.
A história, registrada na imprensa escrita e falada da época, é implacável em relatar os fatos, todos inadmissíveis em um País democraticamente organizado, regido por Leis e entregue a Poderes escolhidos livremente pelo seu povo.
Por maiores que sejam alguns esforços para "criar" uma história diferente da real, os acontecimentos registrados na memória dos cidadãos de bem e transmitidos aos seus sucessores são indeléveis, até porque são mera repetição de acontecimentos similares registrado pela história em outros países.
Relembrá-los, sem ódio ou rancor, é, no mínimo, uma obrigação em honra daqueles que, sem visar qualquer benefício em favor próprio, expuseram suas carreiras militares e até mesmo suas próprias vidas em defesa da democracia que hoje desfrutamos.
Os Clubes Militares, parte integrante da reação demandada pelo povo brasileiro em 1964, homenageiam, nesta data os integrantes das Forças Armadas da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela Nação Brasileira.
Novamente, um ato de insubordinação de militares contra um presidente apesar de que, nas democracias, presidentes são os comandantes-em-chefe das Forças Armadas. Os militares que divulgaram nota exaltando a ditadura militar deveriam ser presos por insubordinação, se a lei fosse cumprida em relação a esses que chantageiam a nação com ameaça de romperem de novo a ordem institucional se forem disciplinados.
A nota dos militares mente desbragadamente. Afirma que o golpe foi dado devido à vontade do povo, o que é uma mentira facilmente identificável porque, se o povo não apoiava mais o governo que elegera – do qual Jango Goulart era o representante –, bastava esperar a eleição seguinte.
A nota ainda diz que Jango pretendia instalar uma ditadura comunista. Outra mentira. Não havia nenhum exército sendo formado para isso. Não havia como enfrentar as Forças Armadas para romper a ordem constitucional. Só havia planos de uma reforma agrária ainda mais tímida do que a de hoje e a legítima ideologia de Jango.
Aliás, surgiu fortuitamente o melhor exemplo de quão energúmenos são esses fantasmas da ditadura que vivem assombrando o país: as declarações racistas, homofóbicas e criminosas que o deputado fascista Jair Bolsonaro, do PP fluminense, proferiu na TV no mesmo dia da nota insubordinada dos clubes militares, usando a imunidade parlamentar para delinqüir.
Entre outras barbaridades, Bolsonaro disse estas:
Que se "pegasse" um filho fumando maconha, o torturaria. E que nem lhe passa pela cabeça a hipótese de ter um filho gay porque deu aos seus filhos "uma boa educação", dizendo-se um pai "presente";
Questionado sobre cotas raciais, disse: "Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista";
Insultou a cantora Preta Gil, filha de Gilberto Gil, quando ela lhe perguntou o que faria se o filho se apaixonasse por uma negra. As palavras de Bolsonaro "Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu".
A conclusão que se tira de tudo isso é a de que oficiais militares acham que podem cometer crime de racismo, insubordinarem-se contra a presidenta da República, enfim, violarem as leis e afrontarem a sociedade sob proteção de ameaças veladas que fazem de nova ruptura institucional. Essa é a leitura que salta aos olhos, nesses episódios.
Bolsonaro e a verborragia espúria desses clubes militares constituem o melhor símbolo do regime criminoso de 1964. Quando militares dizem que estão preocupados com a nova novela do SBT, que versará sobre a ditadura militar, porque a obra os difamaria, deveriam refletir que ninguém consegue difamá-los mais do que eles mesmos.
Blog do Rovai – Renato Rovai
A importância de Zé de Alencar em 2005
Em 2005, no meio da crise do mensalão, Jorge Bornhausen, então presidente do PFL, teria tido uma reunião com a direção da Rede Globo logo depois do depoimento de Duda Mendonça na CPI. A conversa foi para avaliar a possibilidade do impeachment de Lula.
Bornhausen disse aos Marinhos que havia condições jurídicas de encaminhar a cassação.
Irineu Marinho teria, então, perguntado quem seria o presidente caso Lula caísse? Bornhausen sem entender direito qual era a intenção do herdeiro do Seu Roberto, respondera, José de Alencar, o vice.
Blog do Artur Henrique
Irineu Marinho teria, então, perguntado quem seria o presidente caso Lula caísse? Bornhausen sem entender direito qual era a intenção do herdeiro do Seu Roberto, respondera, José de Alencar, o vice.
Blog do Artur Henrique
Com fotos feitas em Jirau e Santo Antonio, CUT contraria versão da Camargo Corrêa e Odebrecht durante reunião em Brasília
Como nosso dirigente nacional Vagner Freitas esteve nas obras ao longo da última semana, contrariou essa versão com a irrefutável prova das fotos que fez no local e com os relatos que colheu diretamente dos trabalhadores durante as assembleias que comandou por lá.
Terminada a reunião, Vagner voltou para Rondônia, para continuar buscando solução que garanta os direitos dos trabalhadores.
Leia mais sobre o encontro com Gilberto Carvalho clicando aqui.
Terminada a reunião, Vagner voltou para Rondônia, para continuar buscando solução que garanta os direitos dos trabalhadores.
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