quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dilma chora ao lembrar mortos na ditadura.


Dilma disse que a Comissão da Verdade não tem "o desejo de reescrever a história"

A presidente da República, Dilma Rousseff, chorou na manhã desta quarta-feira (16) ao lembrar os mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. A presidente se emocionou durante a posse dos integrantes da Comissão da Verdade, em cerimônia no Palácio do Planalto.

-- O Brasil merece a verdade. As novas gerações merecem a verdade. E, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e continuam sofrendo como se eles morressem sempre a cada dia.

A Comissão da Verdade foi criada para investigar as violações aos direitos humanos no período de 1946 a 1988. O período inclui a ditadura militar (1964-1985), que deve ser o foco principal dos trabalhos. Ao fim de dois anos, o grupo que compõe a comissão irá produzir um relatório com análise, conclusão e recomendação sobre os crimes cometidos.

Para não criar atritos com as Forças Armadas, a presidente refutou o que chamou de "revanchismo".

— Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem ocultamento.

Dilma foi aplaudida de pé quando falou sobre a importância de estar acompanhada dos ex-presidentes que a antecederam. Ela lembrou o ex-presidente Itamar Franco e lamentou sua ausência. Falou sobre a atuação de Tancredo Neves na transição da ditadura para a democracia e do trabalho de José Sarney.

A presidente disse ainda que a comissão é instalada enquanto ela preside o país, mas que ela reconhece que todo o processo começou muito antes com a abertura de documentos no governo Collor e na Lei da Comissão Especial sobre mortos e desaparecidos aprovada no governo FHC.

Dilma citou Ulysses Guimarães no início do discurso, lembrando que a verdade é fundamental para a democracia.

-- O Brasil não pode se furtar a conhecer totalidade de sua história. Trabalhemos juntos para que o país conheça e se aproprie da totalidade de sua história. A ignorância da história não pacifica, mantém latente mágoas e rancores.

O grupo foi anunciado na última quinta-feira (10), quase seis meses depois da aprovação da lei que cria a Comissão no Congresso Nacional.

Os sete integrantes do grupo são: o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, o ex-Procurador-Geral da República, Claudio Fontelles, a advogada de Dilma na ditadura, Rosa Maria Cardoso da Cunha, o diplomata e acadêmico Paulo Sérgio Pinheiro, a psicanalista Maria Rita Kehl e o jurista e escritor José Paulo Cavalcanti Filho.

Durante as investigações, a comisão poderá requisitar informações a órgãos públicos, inclusive sigilosas, convocar testemunhas, realizar audiências públicas e solicitar perícias. A comissão não terá poder, no entanto, para levar eventuais responsáveis à Justiça.

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