Vídeo
Assista o vídeo e leia abaixo um resumo de 10 minutos da conversa que o professor Alencastro teve com a equipe do Instituto Lula.
Celso Marcondes, Juvandia Moreira, Clara Ant e Luiz Felipe de Alencastro
Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
Professor Luiz Felipe de Alencastro inaugura
ciclo "Conversas sobre a África", organizado pelo Instituto Lula
O professor da Sorbonne e da Fundação Getúlio Vargas Luiz Felipe de
Alencastro falou nesta quarta-feira (4) sobre o tema “Escravidão e
trabalho compulsório no Brasil”. O encontro, na sede do Sindicato
dos Bancários, em São Paulo, foi o primeiro do ciclo “Conversas sobre
África”, organizado pelo Instituto Lula com parceiros. Também
participaram da mesa Clara Ant, diretora da Iniciativa África do
Instituto Lula, Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários e
Celso Marcondes, coordenador-executivo da Iniciativa África.
Para baixar imagens em alta resolução, visite o Picasa do Instituto Lula.
Clara Ant lembrou que o governo Lula
mudou a prioridade da política externa brasileira e trabalhou para
ampliar as relações entre o Brasil e os países africanos. Foram 33
viagens presidenciais ao continente, com a criação de 19 novas
embaixadas. Ao deixar a presidência, Lula decidiu se dedicar ainda mais a
desenvolver o trabalho voltado para a África. Juvandia Moreira, disse
que é “uma honra organizar este evento junto com o Instituto Lula,
esperamos organizar muitos outros encontros tão enriquecedores como
este”.
Um país colonizado pelos africanos
O professor abordou alguns mitos e ressaltou a proporção única do tráfico de escravos para o Brasil, muito maior, por exemplo do que aquele dirigido aos Estados Unidos. “Entraram no Brasil quatro milhões e oitocentos mil africanos escravizados, oito vezes mais do que os portugueses que chegaram aqui até 1850″. Para o professor, isso transforma os africanos em colonizadores. “O Brasil não é um país de colonização europeia, mas africana e europeia. Isso faz toda a diferença”. É isso, segundo o professor, que vai dar no Brasil de hoje, o país com mais afrodescendentes fora da África e cuja maioria da população se declara afrodescendente.
O professor abordou alguns mitos e ressaltou a proporção única do tráfico de escravos para o Brasil, muito maior, por exemplo do que aquele dirigido aos Estados Unidos. “Entraram no Brasil quatro milhões e oitocentos mil africanos escravizados, oito vezes mais do que os portugueses que chegaram aqui até 1850″. Para o professor, isso transforma os africanos em colonizadores. “O Brasil não é um país de colonização europeia, mas africana e europeia. Isso faz toda a diferença”. É isso, segundo o professor, que vai dar no Brasil de hoje, o país com mais afrodescendentes fora da África e cuja maioria da população se declara afrodescendente.
Tráfico bilateral como grande negócio
“Praticamente 95% dos navios negreiros que chegaram com africanos ao Brasil partiram do Brasil”. Com isso, o professor desmonta o mito do tráfico triangular, segundo o qual os africanos eram uma mercadoria que fazia parte de uma troca de produtos entre Europa, África e as Américas.
“Praticamente 95% dos navios negreiros que chegaram com africanos ao Brasil partiram do Brasil”. Com isso, o professor desmonta o mito do tráfico triangular, segundo o qual os africanos eram uma mercadoria que fazia parte de uma troca de produtos entre Europa, África e as Américas.
Calcula-se que nas 15850 viagens negreiras, saíram da África 5,5
milhões de seres humanos e 4,8 milhões chegaram ao Brasil. Para
sustentar uma rede dessa dimensão, havia uma rede logística
impressionante, que reunia grandes empresas, banqueiros e o governo.
Segundo o professor, nenhuma outra nação fez incursões tão interiores na
África como os portugueses em Angola. Nessas batalhas de captura de
escravos, participaram muitos soldados nascidos no Brasil e acostumados
aos trópicos, muitos deles caboclos e mestiços. “O Rio de Janeiro é o
maior porto negreiro das Américas e Luanda o maior porto negreiro da
África. Duas cidades de língua portuguesa. Isso não é acaso”.
Duas visões sobre os bandeirantes
Os índios também fazem parte dessa história, de acordo com o professor. Os indígenas, quando deixaram de ser interessantes para o trabalho forçado passam a ser massacrados pelos fazendeiros nordestinos, porque atrapalhavam a expansão da pecuária. Diferentemente do que aconteceu em outros países da América, as comunidades indígenas não viraram comunidades campesinas. Em parte, porque a produção dos latifúndios escravagistas fazia concorrência e embarcava qualquer produção que desse lucro. Os indígenas, então, atrapalhavam. “Raposo Tavares e essa gente é tratada como genocida. Na Bolívia, bandeirante é sinônimo de bandido, aqui é nome de estrada”, diz.
Os índios também fazem parte dessa história, de acordo com o professor. Os indígenas, quando deixaram de ser interessantes para o trabalho forçado passam a ser massacrados pelos fazendeiros nordestinos, porque atrapalhavam a expansão da pecuária. Diferentemente do que aconteceu em outros países da América, as comunidades indígenas não viraram comunidades campesinas. Em parte, porque a produção dos latifúndios escravagistas fazia concorrência e embarcava qualquer produção que desse lucro. Os indígenas, então, atrapalhavam. “Raposo Tavares e essa gente é tratada como genocida. Na Bolívia, bandeirante é sinônimo de bandido, aqui é nome de estrada”, diz.
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