sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A culpa é do usuário, esse fracote que não aguenta meia horinha dentro de um metrô de portas fechadas sem ar condicionado.

São Paulo está sob ameaça de um racionamento de água. A Sabesp diz que a culpa é do usuário que desperdiça água, que faz “gato” e por aí vai. Nesta semana, o metrô paulistano teve (mais uma vez) problemas, e pessoas ficaram presas por mais de meia hora dentro de um túnel sem ar condicionado, o que resultou em pânico, saídas de emergências acionadas, pessoas andando pelos trilhos e um colapso generalizado que durou cerca de 5 horas. O Secretário Estadual de Transportes e o Governador Geraldo Alckmin disseram que a culpa foi dos usuários “vândalos”. Nenhuma das autoridades assumiu qualquer parcela de erro.
 O inferno são sempre os outros.
No fundo (e nem tão no fundo assim), o cidadão não passa de um cliente pentelho, um inimigo, pra esse jeitinho empresarial de lidar com a “coisa pública”. Mas o que era o último grito da moda administrativa nos anos 1990 esfacelou-se com a crise de 2008, na qual bancos e instituições financeiras quase levaram o mundo à bancarrota e mesmo assim não foram punidos. Ninguém mais aguenta esse tratamento diferenciado de lucros e benefícios para poucos e prejuízos para muitos.
A Sabesp, por exemplo, gastou os tubos com publicidade pedindo que os usuários economizassem, mas em nenhum momento se prontificou a resolver a absurda perda de 25% da água entre os reservatórios e as residências. Também não é mencionado que a produção de água está no limite da demanda e que, portanto, qualquer problema coloca o sistema em crise (sem falar que na periferia de São Paulo, a falta de água já é realidade). Mas a culpa é da tiazinha que lava sua calçada, do maninho que lava o carro no domingo.

Registro de intervenção que aconteceu no metrô em 2013
Já o caso do metrô e trens é ainda mais complexo. Promotores públicos estimam que “propinoduto tucano” tenha desviado cerca de R$ 875 milhões dos cofres estaduais (pouco mais de 6 “mensalões”), mas os valores dos contratos com as multinacionais Alstom e Siemens, empresas que atuam nos metrôs e trens de São Paulo há 20 anos, chegam a quase 40 bilhões. Existem muitas denúncias que comprovam que durante os governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin houve um esquema de corrupção que fraudou licitações, e que desviou dinheiro público para aquisição e reforma de trens, e na construção e expansão das linhas metroferroviárias em São Paulo.
Desde 2011, o Sindicato dos Metroviários vem alertando a direção do Metrô e ao Ministério Público sobre problemas recorrentes, principalmente nas frotas que foram reformadas com valores superfaturados. “Sempre dissemos que, ao não resolvê-los, a empresa estava trabalhando com a sorte, apostando na sorte. E que, se isso ocorresse no pico da tarde, com as pessoas voltando para suas casas, ia causar tumultos. (...) Nossa preocupação é que isso pode acontecer novamente, e o governo pode não ter tanta sorte. Estamos à beira de uma tragédia”, afirmou Altino de Melo Prazeres Jr., presidente do sindicato.

Opinião do Blog do Casé: O Sindicato dos Metroviários também não ajuda em nada para que os problemas sejam resolvidos, nem pela segurança dos trabalhadores e nem da população que é escrachada todos os dias, com bravatas, lançam campanhas  anuais pelas participações nos Lucros e Melhorias Salariais , as quais nunca são atendidas em sua totalidade, fazem um acordo rebaixados , mas quando o "pixulé" vem, esquecem dos problemas, da população e dos trabalhadores que serão lembrados apenas na próxima campanha Salarial. Diretoria combativa essa , não?

E diante de tudo isso e de tantas testemunhas do caos de terça, 4 de fevereiro , o que diz o Governador Geraldo Alstom, ooops, Alckmin? Que o que aconteceu foi “sabotagem” e que uma das soluções é aumentar o policiamento (?!). A culpa é do usuário, esse fracote que não aguenta meia horinha dentro de um metrô de portas fechadas sem ar condicionado.
Melhorar mesmo? Melhorar mesmo? Melhorar nada.

Mexidão + opinião do Blog do Casé

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