quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Juvandia Moreira: Bancos investem mais em publicidade do que em segurança nas agências.

publicado em 21 de agosto de 2012 às 13:39

Juvandia Moreira: “Desde que as portas de segurança começaram a ser retiradas das agências, a violência aumentou”. Foto: Sindicato dos Bancários de São Paulo
por Conceição Lemes
Os bancários de todo o país estão em campanha. Nesta quarta-feira 22, o comando nacional da categoria reúne-se com Federação dos Bancos (Fenaban) para mais uma  rodada de negociação. Na pauta de reivindicações, maior investimento em segurança dentro das agências.
Levantamento da Confederaçoes nacionais dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e dos Vigilantes (CNTV) revela que as mortes decorrentes de assaltos a bancos estão aumentando no Brasil. Apenas no primeiro semestre de 2012 foram 27 contra 22 no mesmo período de 2011. Crescimento de 17,4%
“Desde que se ampliou a instalação das portas de segurança nas agências, o número de assaltos diminuiu. Em compensação, a violência aumentou, quando começaram a ser retiradas”, afirma Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. “Daí defendermos a instalação das portas giratórias com detector de metais.”
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) dão razão a Juvandia. A partir do final dos anos 1990, quando teve início a implantação das portas de segurança, os assaltos a bancos caíram. De 1.903, em 2000, para 369, em 2010. Porém, subiram para 422 em 2011, ano em que alguns bancos as retiraram nas reformas das agências.
KASSAB VETOU PROJETO QUE OBRIGAVA PORTAS DE SEGURANÇA
No Brasil, existe uma lei federal de segurança de segurança — a 7.102. Ela, porém,  não define itens indispensáveis a uma agência.  Estabelece, por exemplo:
* Alarme — obrigatório
* Vigilantes — obrigatório
* Portas de segurança e/ou câmeras, entre outros – opcionais.
Em 2007, os vereadores paulistanos aprovaram por unanimidade projeto de lei que tornava obrigatória as portas de segurança em todas as agências da capital. Em 2008, porém, o prefeito Gilberto Kassab (na época DEM, hoje PSD) vetou. Atualmente, são opcionais. Tanto que cresce o número de bancos sem elas. Alguns alegam que elas “constrangem” o cliente, por isso as retiram.
“Em São Paulo, fizemos uma pesquisa com bancários; 84% defendem as portas de segurança como um item essencial para a proteção de funcionários e clientes”, ressalta Juvandia. “Por isso, reivindicamos que seja obrigatório em todas as agências do país. Já comprovado que, junto com outros itens, inibem a ação de bandidos. É preciso, porém, campanha de esclarecimento à sociedade para mostrar a importância delas.”
“BANCOS INVESTEM MAIS EM PUBLICIDADE QUE EM SEGURANÇA NAS AGÊNCIAS”
Segundo dados do Dieese, no primeiro semestre de 2012, os cinco maiores bancos que operam no Brasil (Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Econômica e Banco do Brasil) tiveram lucro de R$ 24 bilhões, mas os investimentos em segurança e vigilância somaram R$ 1,5 bilhão. Ou seja, 6%, em média, do lucro líquido.
Quando se analisa separadamente os maiores bancos privados as despesas com segurança são ainda menores.
“Os bancos investem mais em publicidade do que em segurança das agências”, denuncia Juvandia.
O Bradesco, por exemplo, registrou lucro de R$ 5,7 bilhões e investiu R$ 205 milhões em segurança. Isso dá 3,6% do lucro líquido. Em publicidade, gastou mais. Foram R$ 315 milhões (5,5% do lucro líquido).
Já o Itaú teve lucro líquido de R$ 7,1 bilhões. Gastou R$ 263 milhões (3,7% do lucro liquido) com segurança e R$ 447 milhões com publicidade (6,3% do lucro líquido).
Aliás, no Itaú as despesas com segurançapor agência caíram 15% em 2011 em relação a 2010. No Bradesco, a queda foi de 4,3% e no Santander, de 4,5%.
Outro dado revelador: em 2011, os seis principais bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Santander e HSBC)  foram multados em mais de R$ 5 milhões devido a falhas na segurança. Por exemplo, número insuficiente de vigilantes, alarmes inoperantes e utilização de bancários para o transporte de valores, que é proibido pela lei 7.102/83. Ela determina que esse serviço seja feito por empresa contratada para essa finalidade ou pelo próprio estabelecimento com pessoal treinado.
“Reivindicamos que os bancos cumpram essa lei. Também que os bancos sejam proibidos de entregar a chave do cofre para os bancários levarem para casa, pois estão aumentando os casos de violência contra esses trabalhadores”, sublinha Juvandia. “Enfim, bancários de todo o país cobram mais rigor e investimentos na segurança das agências.”
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